sábado, 14 de agosto de 2021

Moonshine, Vol. 3 - Querer a Lua (Brian Azzarello e Eduardo Risso)

Lou Pirlo pode ter conseguido escapar de uma situação muito difícil, mas a maldição que o assola não deixou de existir. Agora, conta com Delia e com os seus contactos para procurar uma forma de se curar . Também ela tem as suas próprias capacidades e uma relação muito íntima, ainda que atribulada, com duas bruxas. Só que voltar às origens pode ser um perigo. Delia deixou um passado de contas para ajustar e Lou pode ser a arma que faltava para esse ajuste de contas. Ver a sua maldição como uma bênção torna-o vulnerável. E a única saída para ambos pode ser uma suposta submissão...
É de esperar, à partida, tendo em conta os volumes anteriores, uma forte presença sobrenatural em cada desenvolvimento desta história. E ela existe, de facto. Menos expectável, talvez, é a forma que essa presença assume, com as bruxas e o poder da magia a assumirem agora o destaque e a revelar novos tipos de influência. Esta nova magia acrescenta complexidade ao enredo, além de ambiguidade, pois as relações entre as personagens são mais nebulosas do que nunca, o que, embora causando uma certa perplexidade, mantém sempre viva a curiosidade quanto ao que se poderá seguir.
São tantos os elementos em jogo que, às vezes, chega a parecer que certos momentos passam demasiado depressa, com as ligações passadas - e o contexto que as acompanha - a surgirem de forma ligeiramente vaga. Ainda assim, esta relativa concisão é amplamente compensada pela intensidade, pois, com tanto a acontecer em tão pouco tempo, é praticamente impossível desviar os olhos da história.
Em termos visuais, destacam-se dois pontos: o contraste de cores e de sombras, onde o vermelho domina nos momentos expectáveis e o contraste entre a luz dos dias e a penumbra arrepiante das noites realça na perfeição a dualidade da condição de Lou; e os elementos sobrenaturais, com os surpreendentes rasgos de horror e de beleza a surgirem num equilíbrio eficaz.
Relativamente breve, mas carregadinho de ação, deixa, a espaços, alguma curiosidade insatisfeita, mas sem nunca falhar no essencial. Cativante, intenso e misterioso, projeta as personagens para um novo cenário... e nunca deixa de surpreender.

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