segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Wish You Were Here (Nuno Morais)

Enviado ao Algarve para conduzir uma investigação, no mínimo, macabra, que envolve a descoberta de múltiplos cadáveres e a suspeita do envolvimento de poderosos, o inspetor Frederico Batalha regressa à casa das suas memórias para passar a noite antes de dar início à sua própria investigação. Só que essas memórias nunca deixaram de o assombrar, tanto que nunca mais regressou. E agora está de volta, os fantasmas vieram novamente à tona e as perguntas sem resposta são mais do que nunca. Longe está ele de imaginar que o caso que o trouxe ali tem mais ramificações do que esperava...
Algo que importa começar por dizer sobre este livro é que é relativamente breve, daí que seja uma surpresa a forma como entrelaça dois elementos tão diferentes como a história pessoal do protagonista e o caso em investigação. Importa, pois, também dizer desde já que a história não dará todas as respostas, com o âmbito mais vasto da investigação a passar para segundo plano ante a história pessoal do protagonista. Ainda assim, e pese embora a curiosidade insatisfeita que fica sobre o caso para lá dos laços pessoais, nunca deixa de ser uma história cativante e, pelo menos no que ao percurso pessoal diz respeito, que termina de forma particularmente adequada.
É o tipo de livro que se lê praticamente de uma assentada, não só devido à já referida brevidade, mas também devido ao estilo direto com que tudo é narrado. Não há grandes elaborações, até as reminiscências se concentram mais em momentos do que em introspeções e tudo progride de forma muito rápida, o que significa que, havendo sempre algo a acontecer, nunca há momentos mortos. Além disso, apesar de uma certa ambiguidade moral, não deixa de haver também uma boa empatia para com o protagonista (sobretudo na sua faceta mais jovem) que gera uma agradável sensação de proximidade ao longo de grande parte da leitura.
Podia, provavelmente, ser uma história mais longa, até porque o desenvolvimento do caso é muito conciso e deixa muito em aberto, o que significa que fica, de facto, uma boa dose de curiosidade insatisfeita. Ainda assim, não deixa de haver um certo equilíbrio - e um contraste que faz sentido - entre a parte pessoal e a parte profissional do percurso de Frederico, sendo que as respostas surgem na menos esperada das facetas.
Breve e conciso, mas cativante e agradável, mistura elementos do policial com a história de um romance de juventude. E, embora deixe coisas por explorar, nunca deixa de surpreender, nos mistérios... e sobretudo nas memórias.

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