domingo, 12 de setembro de 2021

Juntos (Luke Adam Hawker e Marianne Laidlaw)

Quando pensamos no que é a normalidade, vêm-nos à cabeça vários elementos da nossa vida pessoal e profissional, das relações que temos com os outros e dos pensamentos, palavras e ações que definem o nosso quotidiano. Mas a normalidade pode ser abalada. Às vezes, formam-se tempestades que abalam tudo o que julgamos conhecer e a própria vida tal como a conhecemos. É essa a história deste livro: a de uma tempestade que abala a vida do seu protagonista e do mundo em que ele se move. Uma tempestade que não tem nome... mas que, por estes dias, é muito fácil de reconhecer.
Nunca, ao longo de todo este livro, a palavra coronavírus surge com todas as letras. Mas basta olhar para a história que as imagens nos contam para reconhecer o nosso presente na vida que estas páginas refletem. E, assim sendo, a primeira coisa a salientar neste livro, e parte do que o torna tão comovente, é esta inevitável proximidade. A tempestade e a forma como esta afeta o mundo pode ser ambígua quanto baste, mas facilmente a reconhecemos. E a história destas pessoas pode muito bem ser a nossa.
Outro aspeto notável é o equilíbrio entre imagem e palavra. O texto é muito simples, muito conciso, e suficientemente vago para se aplicar às múltiplas tempestades da vida. As imagens aproximam-se mais da nossa tempestade específica, mas, sem se tornarem demasiado singulares, dão-nos a todos algo com que nos identificarmos. Além disso, tudo neste livro é simplicidade, não só na construção, mas também na mensagem, e essa simplicidade torna tudo mais nítido e mais marcante. Torna tudo mais próximo.
Sendo certo que é sempre o conteúdo que mais marca, importa ainda, neste caso, destacar a forma. Tudo neste livro é beleza, e isso é algo que se nota antes mesmo de o abrir. Enquanto mero objeto, torna-se desde logo cativante, despertando uma curiosidade imediata para o seu interior. E depois o interior transporta-nos para dentro de nós, completando essa primeira impressão de beleza com a beleza das coisas simples mas comoventes e a visão daquilo que nos une a todos, na tempestade e na bonança.
Breve e simples, mas belíssimo, é um livro sobre uma tempestade específica, mas capaz de se transpor para todas as tempestades da vida. E uma inesquecível mensagem de afeto e de união... mesmo nos momentos em que temos de estar separados.

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