domingo, 17 de junho de 2012

Ninguém Quis Saber (Mari Jungstedt)

Poucos dias depois de ter ganho uma soma considerável nas corridas de cavalos, o fotógrafo Henry Dahlström é encontrado morto na câmara escura onde continuava a trabalhar. Com um historial de alcoolismo e, em consequência, com um grupo de companheiros pouco recomendável, a primeira suspeita é a de que a sua morte tenha resultado de uma tentativa de roubo que correu mal. Mas as pistas que vão surgindo parecem descartar essa hipótese e a investigação de Anders Knutas torna-se ainda mais complicada com o desaparecimento de uma jovem que trabalhava no estábulo onde decorreram as corridas.
Escrita de forma directa e sem grandes elaborações, esta é uma história que, apesar de revelar o suficiente das vítimas e um pouco da personalidade do assassino, se centra principalmente nos passos da investigação. É a investigação de Knutas e da sua equipa o foco de grande parte do enredo e, como tal, são os passos deles o elemento central da narrativa. As suspeitas que se revelam erradas, os impasses de quando tudo parece apontar para um beco sem saída e a necessidade de recomeçar quando uma teoria se revela errada fazem parte do percurso da investigação e é nestes aspectos que se encontra o maior desenvolvimento, sempre de forma directa, com os factos como elemento dominante, mas com a medida certa de mistério a manter a curiosidade em saber mais.
E, se o mistério da morte de Dahlström basta para despertar o interesse do leitor, as coisas tornam-se ainda mais interessantes com o desenvolvimento da história de Fanny, a rapariga desaparecida. Ao apresentar parte dos seus passos antes do desenvolvimento, a autora cria proximidade com uma vítima que, porque mais inocente, desperta mais facilmente a empatia do leitor que no caso de Dahlström. Além disso, ao enigma das relações que talvez existam entre ambos os casos, junta-se ainda uma discreta história complementar que diz respeito ao jornalista Johan Berg e a uma relação amorosa que parece destinada a levantar problemas. Todos estes elementos fazem com que, apesar da relativa brevidade do enredo, que deixa por vezes a sensação de que mais haveria a dizer, haja bastantes elementos de interesse ao longo da história, bem como alguns momentos particularmente intensos.
Importa ainda referir a sensação de uma certa distância, que surge nas fases mais dedicadas aos pormenores da investigação, mas que se desvanece com o evoluir da história e com o adensar do enredo no que diz respeito a Fanny, abrindo caminho para um final intenso e que, ainda que um pouco brusco, surpreende pela revelação inesperada.
Um caso interessante, uma escrita cativante e alguns desenvolvimentos curiosos acerca de personagens sobre as quais haverá, certamente, mais a dizer, são o que faz deste livro uma história que, apesar da relativa brevidade e de algumas perguntas deixadas sem resposta, nunca deixa de ser envolvente e interessante. Uma boa leitura.

1 comentário:

  1. Olá, Carla,

    Fazia tempo que eu não vinha por aqui. Mas já fiz meu dever de casa: me atualizei!

    Abraço do Pedra

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