«Tinha eu apenas seis anos de idade, no ano de 1951, quando teve início a estória que aqui vou relembrar. É uma estória banal de uma viagem que milhares e milhares de crianças empreenderam, em determinada altura das suas vidas. Eram crianças vulgares, portuguesas, inglesas, francesas, alemãs e belgas que fizeram um percurso idêntico, em Angola, Moçambique, Quénia, Congo, Zâmbia, Zimbabué e África do Sul, para ali levadas pelos progenitores atraídos pela magia do imenso continente africano, a terra das oportunidades, o novo El Dorado. Essa viagem fantástica até esse continente distante, simultaneamente misterioso e maravilhoso, marcou-as, indelevelmente, para o resto das suas vidas e moldou o seu carácter, para o bem ou para o mal, traçando o seu destino.»
Isabel Valadão nasceu em Lisboa mas foi para Angola em 1951, com seis anos de idade, tendo aí vivido até 1975, pouco antes de aquela antiga colónia portuguesa se tornar independente.
Acompanhando os pais no seu périplo angolano, passou por diversas regiões, desde o Lobito a Malange, até se fixar em Luanda, cidade onde viveu a adolescência, casou e onde nasceram as suas duas filhas. Durante alguns anos foi analista química dos Serviços de Geologia e Minas em Luanda e secretária da revista angolana Notícia. Regressou a Portugal em 1976, depois de uma breve passagem pela África do Sul, onde a sua família se refugiou, na sequência dos graves acontecimentos que antecederam a independência de Angola. Viveu em Macau, regressando definitivamente a Portugal em 1986. Licenciou-se aos 49 anos, em História de Arte, na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Em privado, dedicou-se à investigação na área da Defesa e Conservação do Património, paralelamente à conservação e restauro de pintura.
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