«É possível, num poema ou num conto, escrever sobre coisas e objectos quotidianos usando linguagem quotidiana mas precisa, e dotar essas coisas – uma cadeira, uma cortina, um garfo, uma pedra, os brincos de uma mulher – de um poder imenso, quase espantoso. É possível escrever uma linha de diálogo aparentemente inócuo e fazer com que essa linha provoque um arrepio na espinha do leitor – a fonte de deleite artístico, como queria Nabokov. É esse género de escrita que me interessa. Detesto escrita confusa ou aleatória, seja ela experimentação ou simplesmente realismo desastrado. No maravilhoso conto ―Guy de Maupassant‖, de Isaac Babel, o narrador tem o seguinte a dizer sobre a escrita de ficção: ―Nenhum ferro pode trespassar o coração com tanta força como um ponto final no lugar certo.‖»
Raymond Carver nasceu no Oregon em 1938. Casou-se muito cedo, o que o obrigou a relegar a escrita para segundo plano para poder sustentar a família. Publicou regularmente em revistas. O livro que o consagrou foi De Que Falamos Quando Falamos de Amor, que, como se sabe hoje, é uma versão drasticamente editada de Beginners — o conjunto de contos originais que Carver apresentou à Alfred A. Knopf e que a Quetzal publicou com o título O Que Sabemos do Amor. Um dos maiores contistas norte-americanos do século XX, Raymond Carver foi também poeta e ensaísta, como o comprova esta edição portuguesa de Fires, Fogos.
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