quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Ritual da Sombra (Eric Giacometti e Jacques Ravenne)

Durante uma festa na embaixada francesa, uma arquivista do Grande Oriente é assassinada de uma forma que evoca a morte de Hiram, o fundador da Maçonaria. Na mesma noite, em Jerusalém, um arqueólogo está prestes a desvendar o segredo de uma pedra de valor histórico incontornável quando é assassinado da mesma forma. Ambos trabalhavam no sentido de descobrir um segredo oculto tanto nos documentos como na pedra e que, a ser desvendado, poderia abalar a crença de muitos. Mas há outra revelação a tirar das duas mortes e essa é que uma poderosa sociedade inimiga da Maçonaria está na corrida para obter primeiro o segredo que todos procuram. E está disposta a tudo para o conseguir. Por isso, cabe agora ao comissário Antoine Marcas, também ele membro da Maçonaria, e a Jade Zewinski, responsável pela segurança da embaixada onde ocorreu a morte de Sophie Dawes, seguir as pistas para os culpados do crime... e para a chave do segredo que todos procuram.
Um dos aspectos mais curiosos deste livro é a forma como os autores equilibram um enredo com bastante acção e mistério com um ritmo relativamente pausado, em que há também uma boa medida de descrição, particularmente a nível de rituais e de contexto histórico. Ainda que haja algumas revelações guardadas para uma fase já avançada da história, não há propriamente uma tentativa de manter o mistério em torno dos rituais e das regras da Maçonaria. Muito pelo contrário. Ao escolher um membro da Maçonaria para protagonista, os autores colocam nas experiências de Marcas um meio muito claro para apresentar uma visão directa para os costumes maçónicos. E este é também um dos aspectos mais cativantes do enredo, já que, ainda que este lado mais descritivo torne o ritmo da leitura um pouco mais lento, apresenta também uma série de factos interessantes.
Sendo o percurso em busca do segredo - e dos culpados pelas mortes - o foco central da narrativa, não surpreende que sejam os acontecimentos e o contexto os aspectos mais desenvolvidos. Fica, aliás, uma certa curiosidade em saber um pouco mais sobre os protagonistas, já que o choque entre ambos e a forma como os diferentes pontos de vista criam tensões e atritos está na base de alguns momentos particularmente bem conseguidos. Seria, talvez, possível que as suas personalidades tivessem sido um pouco mais desenvolvidas, mas o que deles é revelado, basta para manter a envolvência da história e a curiosidade em querer saber mais. Principalmente tendo em conta que este é apenas um de vários livros com Marcas como protagonista e que, seguramente, haverá mais a saber sobre ele nos livros seguintes.
De referir, ainda, a forma como o ritmo da narrativa evolui com o adensar do enredo e o maior desenvolvimento das forças em conflito. De início pausado, a história cresce em intensidade com cada revelação, culminando num final que, ainda que um pouco brusco, surpreende por alguns pormenores inesperados.
Trata-se, portanto, de uma história envolvente, ainda que não de leitura compulsiva, com um duo de protagonistas bastante cativante e um bom equilíbrio certo entre acção e mistério e elementos de contextualização. Cativante, interessante e de leitura agradável. Gostei.

1 comentário:

  1. Deixei-te um selito no meu blogue :D
    http://blocodedevaneios.blogspot.pt/2012/09/selo-versatile-blogger.html

    bjs*

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