Desde a completa recuperação da mãe, os planos de Artemis Fowl tornaram-se mais difíceis de concretizar - mas nada que a sua mente brilhante não consiga resolver. E Artemis tem bastante com que se preocupar. Uma mensagem misteriosa confirma-lhe que o pai está vivo, mas nas mãos da máfia russa e, portanto, na pior das situações. E, enquanto Artemis se prepara para dar forma a um plano de resgate mais eficaz que, simplesmente, morrer a tentar, também os habitantes do subsolo têm um problema em mãos. Alguém está a ajudar os goblins a conseguir fontes de energia humanas - alguém humano - e, naturalmente, Artemis Fowl é o principal suspeito. Capturado pelas fadas e (imagine-se!) perfeitamente inocente, Artemis descobre que talvez não seja capaz de fazer tudo sozinho e que, apesar dos acontecimentos que os tornaram inimigos, uma aliança com os Seres possa revelar-se vantajosa para ambos os lados. Principalmente tendo em conta que é urgente fazer alguma coisa. Qualquer coisa.
Acção constante para um enredo sem momentos mortos e um sentido de humor delicioso são, tal como no primeiro livro desta série, as principais razões para que este livro se revele uma leitura compulsiva. Tendo nos mais jovens o seu público-alvo, as linhas essenciais da história são relativamente simples, sendo a acção o elemento mais desenvolvido e a caracterização das personagens algo que surge de forma mais gradual. Ainda assim, a história é bastante mais elaborada que a do primeiro livro e a evolução das personagens é, também, considerável, havendo, portanto, uma evidente evolução, quer a nível de enredo, quer dos seus protagonistas.
Uma vez que grande parte das personagens são já conhecidas do primeiro volume, é, desde logo, mais fácil, entrar no ritmo da história, já que as figuras que a protagonizam são facilmente reconhecíveis. Mas esta familiaridade contrasta com outro tipo de evolução: o evidente crescimento de algumas personagens, e de Artemis em particular. A empatia que se insinuava no primeiro volume torna-se agora mais forte, já que um lado diferente do protagonista é agora mais revelado. E é particularmente agradável conhecer as melhores características de Artemis Fowl, preocupado, vulnerável, pouco habituado à acção, mas disposto a tentar e, principalmente, com uma perspectiva mais clara das acções e das suas consequências. Esta mudança abre também caminho para uma mudança de atitude por parte daqueles com quem interage, levando a que necessária cooperação com as fadas surja de forma bastante mais natural que o seu anterior conflito.
A história torna-se um pouco mais complexa, portanto, com esta maior caracterização das personagens, mas nada perde da intensidade do ritmo. Há sempre alguma coisa a acontecer e espaço para a intervenção dos elementos mais improváveis, mesmo aqueles que, depois do sucedido no primeiro livro, se julgava não voltarem a aparecer. E, entre a conspiração a decorrer no Subsolo e o desigual, mas inevitável, confronto com a máfia russa, há também uma interessante e eficaz conjugação de instinto e estratégia. O resultado é uma história viciante e cheia de bons momentos.
Trata-se, pois, de uma história que, não sendo particularmente complexa, representa uma boa evolução relativamente ao primeiro volume. Com personagens mais empáticas, muita acção, a medida certa de humor e até mesmo um toque de emoção, Artemis Fowl - Incidente no Ártico proporciona uma leitura viciante, intensa e agradável. Uma boa história, em suma, e uma boa leitura.
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