quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Dois Anos e Uma Eternidade (Karen Kingsbury)

Durante dois anos, Molly e Ryan viveram em perfeita cumplicidade, com uma amizade sólida a abrir caminho para um afecto maior. Mas algo aconteceu, no fim desse tempo, que levou a que se separassem. Ambos seguiram em frente, conquistando, na medida do possível, o equilíbrio entre os seus grandes sonhos e a vida real. Mas ambos sentem a falta daquela relação perfeita, cujo refúgio era a livraria A Ponte. E, com o passar do tempo, nem esta permanece intacta. Uma grande cheia destruiu todo o conteúdo da livraria e Charlie, o dono, não consegue ver uma forma de reabrir. Mas, ciente de que a livraria é a sua vida e fechar é admitir o fracasso, baixar os braços e desistir parece a única decisão capaz de retirar sentido à vida. Talvez a única forma de salvar A Ponte - e Charlie - seja unir todos aqueles que a tiveram como refúgio. Mas quem o fará?
Sendo essencialmente uma história de amores e amizades, este é um livro que tem como grande ponto forte o impacto emocional. A história das principais personagens é, no essencial, bastante simples, com os desencontros, os mal-entendidos e as decisões difíceis da vida e das relações a surgir como pontos centrais para todo o enredo. Nada de particularmente novo, isto é. Mas o facto é que a autora consegue desenvolver o tema de uma forma enternecedora, emocionando o leitor com as grandes tragédias e os pequenos sucessos, numa leitura comovente e reconfortante.
Esta é, no fundo, uma história de amor e de segundas oportunidades. Mas o amor que domina toda esta história não se aplica apenas às pessoas. Se o reencontro de Molly e Ryan (e as suas memórias do passado) têm muito de emotivo, o mesmo acontecendo com a vida partilhada de Charlie e Donna, há ainda um outro amor sempre presente, e um que, por ser familiar a muitos leitores, se torna também particularmente cativante. Falo do amor aos livros, claro. Através de Charlie e da sua dedicação à livraria, da forma como o seu trabalho é capaz de tocar tantas pessoas, a autora evoca sentimentos que serão, seguramente, familiares a muitos bibliófilos. É também isso que torna a história em torno da livraria tão marcante, porque as memórias partilhadas de um espaço e de uns quantos livros evocam, na perfeição, a boa companhia - e, por vezes, a tábua de salvação - que um livro e uma história conseguem ser.
Um outro aspecto que importa referir é a questão da fé. A crença em Deus é uma característica comum a várias das personagens e essa fé é constantemente lembrada. Não há, ainda assim, grandes exageros neste aspecto, sendo a fé abordada de uma forma simples, sem ligações a um sistema de crenças demasiado específico, o que torna fácil compreender o apego das personagens a Deus, independentemente da crença de quem lê.
Esta é, portanto, uma história que, na sua relativa simplicidade, marca principalmente pela força das emoções e por uma mensagem muito positiva. Uma história cativante, em suma, com personagens interessantes e vários momentos comoventes, a evocar o poder dos afectos e das segundas oportunidades. Recomendo.

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