Nada foi como devia ter sido. Devia haver um final feliz, mas algo correu terrivelmente mal. Há algo de errado com o mundo e, mesmo que não consiga explicar de que forma o sabe, Borralheiro está seguro disso. É por isso que, vacilante líder de um grupo pouco cooperante, continua a seguir as indicações deixadas no Perraultimato e as pistas que foi descobrindo ao longo de uma aventura atribulada. Aventura que está longe de terminada, pois é preciso, agora, encontrar o Andersenal no palácio da Rainha da Neve. E, como já é de esperar, o caminho não vai ser nem curto nem fácil.
Dando continuidade à história iniciada em O Perraultimato, este livro apresenta essencialmente os mesmos pontos fortes. Às figuras já familiares e à sua versão alternativa da história de contos de fadas juntam-se novos elementos e novas figuras familiares, todas elas com uma história diferente do expectável. As linhas gerais são as mesmas, mas há novas personagens e novas versões para elementos das histórias conhecidas, o que torna a história um pouco mais vasta, abrindo novas possibilidades sem perder o que de bom já existe.
Também o grupo de protagonistas é o mesmo, sendo também essencialmente familiares as características que os definem. Não há, é certo, um grande aprofundamento da história particular de cada personagem (principalmente a nível emocional), mas o percurso que têm em comum cria um conjunto de relações interessantes. Além disso, se os indivíduos permanecem essencialmente os mesmos, já o grupo como um todo evolui, tornando-se um pouco mais coeso apesar das peculiaridades e tribulações. Ou talvez devido a elas.
Quanto ao objectivo global e à aventura que une os protagonistas, continua a haver muito em aberto, mas há também vários desenvolvimentos interessantes. Através de várias peripécias e algumas situações desventuradas, as personagens aproximam-se um pouco mais da sua missão, mas, ao mesmo tempo, certas convicções e objectivos são questionados. Além disso, e para lá da aproximação a um destino estabelecido, há episódios marcantes por si próprios, sendo de destacar os acontecimentos de lugares como a cidade das sombras ou o palácio da rainha.
Cativante, intrigante e com um equilíbrio notável entre os elementos mais sombrios do enredo e um muito agradável toque de humor, O Andersenal é, pois, um segundo volume à altura das expectativas criadas pelo primeiro. Uma leitura envolvente e interessante, com alguns momentos surpreendentes e que deixa muita curiosidade em saber o que virá a seguir.
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