quarta-feira, 26 de junho de 2013

Uma Luz na Escuridão (Catherine Anderson)

Maggie é uma jovem mãe desesperada. Maltratada pelo padrasto, que pretende dar o seu filho para adopção, a sua única escolha é fugir, mas os seus passos levam-na a uma situação ainda mais negra, pois, ao entrar num comboio de mercadorias, vê-se na iminência de ser atacada por um grupo de indivíduos pouco recomendáveis. E é então que surge a salvação, sob a forma de Rafe Kendrick. Na aparência, ele é apenas mais um vagabundo, mas, sob o álcool e o aspecto degradado, esconde-se um verdadeiro príncipe encantado, protector, corajoso e com a fortuna necessária para a libertar de todos os seus problemas. O problema é que demasiados anos sob a tutela do padrasto retiraram a Maggie a capacidade de confiar e a sua situação precária, em que um casamento apressado com Rafe parece ser a sua melhor hipótese, não se afigura como o início de um futuro promissor. Mesmo que Rafe esteja disposto a pôr de lado os seus fantasmas, os de Maggie podem ser demasiado fortes para afastar.
No que diz respeito às linhas bases do enredo, este não é um livro que traga grandes surpresas. O romance é, como seria de esperar, o centro da narrativa e a caracterização das personagens obedece também a vários elementos da fórmula expectável: o herói atormentado, a donzela em apuros e o obsessivo vilão. Mas, se os traços gerais não surpreendem, a forma como a autora gere estes elementos consegue, ainda assim, servir de base a uma história envolvente, a que a escrita cativante e alguns aspectos particularmente marcantes conseguem dar um toque especial.
As grandes forças estão, na verdade, nas pequenas coisas. É um facto que a personalidade carismática e algo heróica de Rafe o torna cativante, mas, tanto como os grandes gestos, sobressaem pequenos momentos, de romance, mas também de afecto familiar, que, além de revelarem o seu lado vulnerável, fazem dele uma personagem mais completa. Além disso, há uma interessante mescla de momentos de emoção, ternura e humor que acabam por conferir à história algo que se aproxima de uma identidade peculiar, mesmo quando o enredo se torna mais previsível.
Quanto à questão do perigo, fica a sensação de que mais haveria para explorar nalguns momentos. Parte do que Rafe faz relativamente a Lonnie é deixado na sombra, e, se é certo que esta discrição aumenta o impacto dos acontecimentos finais, também fica, por vezes, a sensação de que ficaram por contar momentos que teriam sido interessantes de seguir.
Este é, assim, um livro, que, apesar de uma história cujos rumos são fáceis de prever, cativa pelos pequenos momentos de ternura, por um duo de protagonistas que vai progressivamente despertando mais empatia e por laivos de humor e de tensão que sustêm, do início ao fim, a envolvência do enredo. Gostei, portanto.

NOTA: Um grande agradecimento à Célia, que me ofereceu este livro (e mais alguns). Obrigada!

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