segunda-feira, 21 de julho de 2014

Azul como o Silêncio (Edgardo Xavier)

Do amor enquanto ligação humana, na forma de afecto e de ternura ou de erotismo e atracção carnal, enquanto motivo de nostalgia ou de concretização de um sentimento. De uma experiência e de um sentimento dedicado a outro ser, enquanto experiência e enquanto emoção. Do amor, em suma, no que tem de romântico e de erótico, trata o conjunto de poemas que constituem este livro. Poemas que, no seu todo, formam uma unidade coesa e de fácil compreensão, mas em que cada verso é uma surpresa.
Um dos aspectos mais surpreendentes neste livro é que são os poemas mais breves os que exercem um maior impacto. Todos têm em comum o tema central, ainda que surjam diferentes perspectivas, e a construção em que as frases mais inesperadas sobressaem de uma aparente impressão de simplicidade. Além disso, a grande maioria dos poemas são breves, compostos de poucos versos. Mas, havendo alguns poemas mais extensos, mais desenvolvidos, cria-se também um contraste entre uns e outros. E, curiosamente, são precisamente os mais curtos e, aparentemente, mais simples, os que mais marcam, já que resumem em poucas palavras a mesma intensidade.
E se cada um dos poemas funciona, perfeitamente, como um todo completo, transmitindo nos seus poucos versos todas as impressões ou emoções de que precisa, a conjugação de todos enquanto sequência permitem uma percepção mais vasta das ideias neles contidas. Ao terminar a leitura, fica uma sensação de unidade, de uma viagem que, através dos vários poemas, representa todo um ponto de vista. Além disso, há em quase todos os poemas um registo pessoal, uma percepção de um amor sentido por alguém relativamente a alguém, o que transforma o sujeito poético num quase protagonista, cujas emoções e sensações são acompanhadas ao longo do conjunto de todos os poemas.
Este é, pois, um livro breve, como a grande maioria dos poemas que contém, mas que deixa, no fim de tudo, uma impressão muito positiva da sua poesia de contrastes e de emoções, que, com poucas palavras, diz muito. Muito bom.

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