Passar na Prova do Ferro e entrar no Magisterium como aprendiz de mago é o sonho de quase todos os miúdos chamados a realizar o teste. Mas, para Callum Hunt, o objectivo a cumprir é precisamente o oposto. Desde sempre que o pai lhe ensinou os perigos da magia e a necessidade de se manter longe do Magisterium. E é por isso que Callum tudo faz para fracassar na prova, mas o facto é que, apesar disso, não consegue. Contra a vontade do pai - e contra a sua própria - Call vê-se obrigado a partir para o Magisterium, onde o espera um mundo completamente novo, a descoberta de um potencial que nunca julgou ter e o início de um caminho em direcção à verdade sobre quem é.
Com um ambiente a fazer lembrar, em certa medida, o mundo das séries Harry Potter, de J.K. Rowling ou Círculo de Magia, de Debra Doyle e James D. Macdonald, este é um livro que cativa, em primeiro lugar, pela forma como equilibra a sensação de familiaridade (causada pelas semelhanças com este mundo) com a sua própria identidade, gradualmente afirmada com cada novo desenvolvimento. Em comum, surge o ambiente de escola de magia, bem como a forte amizade que se estabelece entre os protagonistas, e são precisamente estas características que primeiro cativam para a leitura. Mas cedo surgem também as diferenças, com especial destaque para a personagem de Call que, tudo menos heróico, mas com uma vulnerabilidade especialmente cativante, facilmente desperta empatia.
Mas nem só dessa empatia vive a personalidade de Call e o seu percurso virá a revelar novas e cativantes características. Além disso, há em seu redor todo um mistério, cujas primeiras pistas surgem logo no início, mas com contornos que estarão na base de muitas e boas surpresas. O primeiro ano de Call enquanto aprendiz de mago é uma viagem de descoberta da magia, mas também de conhecimento de si mesmo. E este percurso, cheio de surpresas e de bons momentos, é parte do que mantém viva a vontade de saber sempre mais.
Também muito interessante neste livro é o desenvolvimento do próprio ambiente. Da história e funcionamento do Magisterium às origens do Inimigo da Morte, há toda uma base que, desenvolvida de forma gradual e ainda com muitas possibilidades em aberto, faz deste primeiro volume um muito interessante início para uma história com muito potencial. Claro que ficam muitas perguntas no ar, tendo em conta a forma como tudo termina, mas sendo este apenas o início de uma história maior, é apenas natural que isso aconteça.
Por último, mas não menos importante, falta falar do ritmo da narrativa. Também neste aspecto o que sobressai é o equilíbrio, já que as autoras conseguem apresentar toda a informação relevante em termos de contextualização sem que nada se perca em termos de evolução do enredo. Há sempre alguma coisa a acontecer, seja uma grande revelação, seja um breve momento de humor, seja ainda um episódio mais emotivo. E assim, há sempre uma boa razão para continuar a ler um pouco mais.
O que fica, então, deste A Prova do Ferro é, acima de tudo, a ideia de um início muito promissor. Com personagens fortes, um sistema interessante e um bom equilíbrio entre acção, emoção e um muito agradável sentido de humor, cativa do início ao fim e promete muito de bom para o que se seguirá. Vale a pena ler, portanto. Sem dúvida.
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