sábado, 14 de março de 2020

Histórias para Dias de Chuva (Naela Ali)

Amor do tipo que acontece por acaso, que dá forma a relações profundas e desaparece depois sem avisar. Amor escondido entre segredos, partilhado entre experiências simples e emoções profundas. Amor que vem e se afasta, mas que perdura para sempre na memória. Amor, em suma, em todas as suas facetas: é este o âmago destas Histórias para Dias de Chuva.
Um dos primeiros aspectos a chamar a atenção neste livro é o equilíbrio entre o texto e as ilustrações. São mais rostos e objectos do que propriamente movimentos, mas complementam na perfeição as várias histórias e pensamentos simples que povoam este livro. Além de darem rosto às personagens - o que é particularmente interessante tendo em conta que as histórias surgem sobretudo na primeira pessoa - realçam também a importância dos gestos simples, com as muitas imagens de abraços e olhares a reforçar o sentimento de amor que é a base de todo este livro.
Outro aspecto curioso é a relativa ambiguidade que faz com que cada uma destas pequenas histórias possa ser lida de forma independente ao mesmo tempo que, numa leitura sequencial, parecem haver paralelismos e elos de ligação a apontar para a possibilidade de uma protagonista comum. Ora, nunca sendo algo realmente esclarecido, e tendo em conta a simplicidade das histórias, fica uma certa curiosidade insatisfeita sobre o rumo futuro desta (ou destas?) relações. Ainda assim, a base essencial está lá, bem como a matéria para reflexão.
E, claro, sendo um livro dedicado ao amor e às relações - inícios, fins e todos os sentimentos fortes que trazem pelo caminho - é também inevitável uma certa repetição de ideias. Mas há também diferenças suficientes - na ilustração, nas palavras e até nos pensamentos que evocam - para esbater esta impressão, salientando sobretudo os pensamentos essenciais.
É, no fundo, um livro muito simples, mas principalmente cheio de amor nas suas histórias breves e bonitas ilustrações. Um bom livro para ler em dias de chuva (e não só) e uma interessante reflexão sobre a faceta eterna e efémera do amor.

Autora: Naela Ali
Origem: Recebido para crítica

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