Dexedrine Parios é uma talentosa detective privada cujos vícios e falta de sorte deixam em constantes dificuldades financeiras. E é para pagar uma dívida que Dex se vê a seguir o rasto de Charlotte, neta da dona do casino a quem Dex deve uma elevada quantia. O problema é que desta vez a explicação mais simples não é a verdadeira e Charlotte não fugiu com um rapaz. Fugiu, sim, de alguém muito perigoso e que quer eliminar pontas soltas... Dex não tarda a perceber que a situação é mais complexa do que parecia e que, para a resolver, terá de fazer umas quantas escolhas difíceis.
De longe o aspecto mais cativante deste livro é o facto de a protagonista ser tudo menos a detective perfeita. Tem os seus talentos, é verdade, que se manifestam quando realmente é preciso, mas também tem as suas vulnerabilidades, o que, além de proporcionar vários momentos divertidos, tem o dom de humanizar esta peculiar detective. Afinal, é difícil não sentir uma certa empatia por quem está a levar porrada - principalmente, quando a dita porrada se deve ao facto de estar do lado certo.
Também particularmente notável é a forma como a componente visual, principalmente a cor, traça o ambiente perfeito para cada momento da história. A casa de Dex, sombria e azulada, reflecte um pouco os seus estados de espírito. Os tons sombrios, com ocasionais rasgos de cor (vermelho-sangue e amarelo-luz, sobretudo), realçam o perigo e o mistério que dominam toda a história. E, se juntarmos a isto certos rasgos de expressividade, não só de Dex, mas sobretudo do irmão, cuja presença discreta acaba por ser também a força motriz da protagonista, o resultado é algo que facilmente fica na retina.
Voltando à história, importa referir que, embora sendo o primeiro volume de uma série, o caso central fica efectivamente resolvido. Assim, e dado envolver elementos surpreendentemente complexos, fica, talvez, a sensação de que algumas coisas avançam de forma um pouco acelerada. Não deixa, ainda assim, de ser curiosa a forma como este ritmo alucinante acaba por se ajustar ao contexto dos acontecimentos, pois a informação pode surgir de forma concisa, nomeadamente no que diz respeito aos Marenco, mas o essencial está lá.
O que fica deste primeiro volume é, pois, a impressão de uma leitura empolgante, feita de crime e de investigação, mas, sobretudo, da vulnerabilidade da protagonista. Espécie de Jessica Jones, mas sem super-heróis e com uma identidade própria, Dexedrine Parios fica na memória. E é impossível não querer saber que outras aventuras a aguardam.
Título: Stumptown - Volume Um
Autores: Greg Rucka e Matthew Southworth
Origem: Recebido para crítica
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