Todos nós já lemos histórias de magos e feiticeiros, histórias que nos transportaram para mundos de poderes insondáveis ao alcance de uma palavra ou do agitar de uma varinha mágica. Mas sempre entendemos a magia - ou pelo menos a partir de uma certa idade - como fruto da imaginação, como algo que só existe nas histórias. Será assim? Ou será mais o contrário? Talvez as histórias e a imaginação sejam as bases da magia e possa haver magia nas coisas mais inesperadas: no lápis que faz aparecer figuras e palavras numa folha em branco, nas viagens que nos levam à aventura, nos objetos do quotidiano que podem ser base para a imaginação e até nos números e no muito que podemos fazer com eles. Este livro fala-nos de magos e de magia. De vassouras, feitiços e varinhas mágicas. Mas fala-nos sobretudo da magia da imaginação.
Provavelmente um dos aspetos mais interessantes deste livro é a forma como desperta a nostalgia, a lembrança das muitas histórias de magia que fomos conhecendo ao longo da vida, construindo a partir delas um tipo de magia diferente. São fáceis de reconhecer as muitas referências que surgem ao longo do livro, mas são particularmente notáveis os contrastes entre estas referências e um tipo de magia mais simples: a da vida quotidiana e das suas infinitas possibilidades.
Outro aspeto marcante tem a ver com o facto de, apesar de ser um livro muito simples, deixar também a impressão de ser bastante completo. Faz sentido, aliás, que seja simples, ou não fosse um livro pensado para os mais novos. Mas é completo sobretudo por isto: porque aborda as múltiplas facetas do que imaginamos ser a vida de um mago e porque cada uma destas facetas reflete um aspeto da nossa vida (alegadamente) não mágica. Em suma, transpõe para a realidade as potencialidades da imaginação, o que dificilmente poderia ser mais positivo, principalmente tendo em conta o público a que se destina.
Importa destacar, por último, os muitos "truques de magia" sugeridos ao longo do livro, que, além de estabelecerem uma certa interatividade, podem também ser um belo ponto de partida para despertar a curiosidade para esse tipo muito específico de magia que é a ciência. Brincar com os números e com os objetos pode ser um belo ponto de partida para despertar a curiosidade sobre como o mundo funciona, e este aspeto educativo contribui também para fazer deste livro uma descoberta cativante.
Tudo se resume, portanto, a uma conjugação eficaz entre a misteriosa e fascinante magia de outros mundos e outras histórias e a tão conhecida mas tão surpreendente magia deste mesmo mundo em que vivemos. Perfeito para despertar a curiosidade e a imaginação dos mais novos... e a magia da memória naqueles que entre nós já não o são assim tanto.
Sem comentários:
Enviar um comentário