Todos os mundos convergem para o centro. E agora que o fim está próximo, é na direção do centro que tudo colapsa. Mas ainda nem tudo está perdido. Há uma última corrida contra o tempo, na esperança de encontrar uma resposta e de travar o caos desencadeado pela destruição do Celeiro Negro. Para o fazer, porém, Danny e os outros terão de saltar entre mundos, de regressar à Gideon Falls de onde partiram e de voltar ao início para inverter parte do que foi feito. Mas será possível? E que consequências terá a possível anulação de tudo o que aconteceu?
Parte do fascínio desta série, desde o primeiro volume, tem origem na mistura de mistério e de estranheza que define toda a progressão do enredo. Há sempre algo de inexplicável, e a procura de respostas para esse inexplicável conduz sempre a momentos singulares, seja de convergência de mundos, de aparições inesperadas ou de um improvável mas fascinante dobrar da linha temporal. O que começou por ser um mundo aparentemente simples rapidamente se expandiu em infinitas possibilidades, que agora, neste volume final, convergem para uma derradeira conclusão, igualmente singular e estranha, e igualmente impressionante.
Ora, esta singularidade é também origem e causa de muitos contrastes, tanto em termos de enredo como de construção visual. À semelhança do universo, também a arte deste livro é feita de traços singulares, com rasgos que quase parecem brotar da página, construções de mundos que se entrelaçam em figuras a fazer quase lembrar a dupla hélice do ADN, expressões de horror sobrenatural que contrastam com outros horrores humanos e um mundo de sombras rasgadas a vermelho que realça o crescendo emocional da história. Mas o maior contraste vem da construção das próprias personagens e da forma como, depois deste longo caminho, onde tudo o que sabiam sobre a vida se transformou, continuam a manter a sua essência, a sua humanidade, os laços simples por entre o caos do multiverso.
Tudo converge para o centro e o fim está próximo. Mas isso não significa que tudo atinja explicações perfeitas e resoluções absolutas. Dado o percurso até aqui, estranho seria que o fizesse. Ainda assim, a forma como tudo termina faz sentido, deixando o suficiente em aberto para estimular a imaginação dos leitores, mas encerrando de forma adequada a longa expansão deste mundo - ou pelo menos esta etapa dessa expansão.
Tudo somado, fica a imagem global de um destino à altura da viagem, de uma conclusão que encerra com chave de ouro o longo percurso de estranheza e de descoberta que foi esta aventura nos meandros de Gideon Falls. Estranho e fascinante, poderoso em todas as facetas e sempre envolvente nos seus tortuosos labirintos, um final inesquecível para uma série toda ela memorável.
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