Feito de mistérios e de fugas, mas também de aprendizagens e profundas reflexões, este romance surge não só como narrativa dos anos da guerra, mas também como visão abrangente dos sistemas políticos e religiosos, da natureza humana e divina, da lógica, da paixão e da destruição. Através de situações intensas e surpreendentes, que se cruzam com momentos de aparentemente tranquila reflexão, conhecemos Pedro Dupastre, o narrador e protagonista deste livro, nas diversas vertentes do seu percurso e da descoberta da sua própria natureza. Amor e atracção, pela influência das duas mulheres que marcam o seu caminho. Admiração, mas alguma tensão para com o monge que se tornou numa espécie de mestre. Uma quase obsessão pelo que foi Patrick antes e depois da queda... Todo um conjunto de personagens que, na sua interacção com Dupastre e o mundo criam uma história longa, complexa, mas incrivelmente envolvente.
Desde o desenvolvimento das personagens às explicações da situação política (que condiciona, afinal, uma boa parte das posições do narrador) e ao desenvolvimento das discussões filosóficas e, por vezes, teológicas, tudo é apresentado com uma escrita fluída e envolvente que resulta, apesar da vastidão e complexidade dos conteúdos, numa leitura constantemente interessante e, por vezes, viciante. Porque o desenvolvimento do pensamento e as mudanças de sistema político misturam-se com momentos de genuína tensão, fugas necessárias, mortes inevitáveis e sentimentos por vezes inexplicáveis. E é por isso que, ainda que a temática seja por vezes complexa, este livro não se torna maçador.
Uma obra notável, vasta e complexa, mas envolvente e de leitura agradável, e que culmina numa série de momentos marcantes que, mais que responder a todas as perguntas, deixam à mente do leitor a necessidade de desvendar o que fica por dizer. Impressionante.
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