sábado, 24 de julho de 2010

Traição de Sangue (Charlaine Harris)

Quando tudo o que poderia acontecer em termos de situações sobrenaturais parece já ter passado pela vida de Sookie Stackhouse, novas circunstâncias e novas revelações vão abalar ainda um pouco mais o seu mundo. A morte de Hadley, favorita da rainha Sophie-Anne, faz com que Sookie tenha de se deslocar a Nova Orleães para recolher as coisas da prima, mas existem mistérios escondidos na vida de Hadley e Sookie será arrastada para os meandros da política vampírica. E esta é apenas a mais problemática das situações a envolver a vida pouco normal da telepata.
Há elementos que nunca faltam num livro desta autora. O sentido de humor cativante e delicioso continua em plena forma e o ritmo incessante de novas revelações e acontecimentos, aliado à escrita sempre acessível e de leitura agradável, fazem com que Traição de Sangue se torne, a partir de um certo ponto, uma leitura impossível de largar. Ainda assim, o ritmo da história parece demorar algum tempo a estabelecer-se, começando por acontecimentos menores, como a intervenção numa investigação criminal ou a sessão fotográfica com uma fada.
Desta vez, o pretendente com maior sucesso junto de Sookie é Quinn, um tigre no sentido literal da palavra. E se a atracção criada entre telepata e metamorfo desempenha um papel importante nas aventuras em que ambos se verão envolvidos, também outras circunstâncias, algumas referentes aos livros anteriores da série, terão uma relevância considerável na história. Afinal, a família de Debbie Pelt persiste na sua busca da verdade e, mais uma vez, o segredo de Sookie ameaça ser revelado.
Falta, talvez, algum contexto na história de Hadley, uma vez que temos muitas referências à sua morte e à forma como sucedeu, mas parece faltar uma explicação completa da situação. Essa história é desenvolvida em "One Word Answer", um conto da autora publicado na antologia Bite, e a sensação com que fiquei ao ler o livro é que a leitura desse conto provavelmente teria esclarecido alguns pontos do enredo.
Ainda uma nota para a forma como, mais uma vez, os horizontes do mundo sobrenatural se alargam, ao revelar a natureza de personagens como Cataliades, bem como uma possível explicação para os dons de Sookie. A introdução destes novos elementos, conjugada com os desenvolvimentos relativos à política vampírica e com a presença de personagens já muito conhecidas (apesar do seu papel secundário, os momentos em que Eric aparece nunca deixam de ser marcantes) resultam numa história que, ainda que deixe alguns pontos por esclarecer e que pareça começar de uma forma mais lenta que o habitual, não deixa de manter a envolvência e a capacidade de entretenimento habituais.
Agradável, divertido e viciante, um livro que não desilude. Gostei.

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