Quando a locutora Cilla O'Roarke começa a receber ameaças de morte no seu programa de rádio, o seu caminho cruza-se, inevitavelmente, com o do detective Boyd Fletcher. Mas, apesar do seu temperamento difícil, da sombra do passado e do perigo de vida, a relação entre vítima e detective cedo passará a mais que um simples contacto profissional. Até porque Boyd não está disposto a permitir que isso aconteça.
Começando pelo que me parece ser o ponto mais interessante deste livro, há uma premissa bastante interessante no toque de mistério criado pelas ameaças de morte. O problema é que, a partir do momento em que Boyd entra em cena, o mistério passa para um muito (demasiado) discreto segundo plano, dando lugar a um romance onde muito parece acontecer muito depressa e, por isso, apesar de alguns momentos bons, há bastante a parecer forçado.
Há uma interacção algo estranha entre o casal protagonista. Para alguém que se supõe capaz de compreender na perfeição aquilo de que Cilla precisa, a sua personalidade acaba por se revelar demasiado arrogante, e a incapacidade de aceitar um "não" aliada ao pretenso direito de tomar decisões sobre a vida alheia tornam alguns dos seus comportamentos bastante irritantes. Os mesmos comportamentos que, aceites com uma relutância que cedo se desvanece, fazem de Cilla uma personagem algo contraditória.
Existem alguns elementos cativantes, principalmente no que toca à vida numa estação de rádio - num tempo em que os discos eram em vinil. E a escrita acessível torna a leitura bastante fácil e, de modo geral, agradável. Ainda assim, a impressão final é a de uma história que poderia ter sido muito melhor, se o romance não fosse tão forçado e se o elemento de mistério tivesse sido mais desenvolvido.
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