quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Cavalo de Fogo - Congo (Florencia Bonelli)

Algumas revelações perturbadoras e a necessidade de um rumo diferente fizeram com que, apesar de serem tudo um para o outro, Matilde Martínez e Eliah Al-Saud seguissem caminhos diferentes. Mas não basta a distância para calar o sentimento que os obceca e consome. Nem mesmo as mais perigosas circunstâncias o poderão fazer. Agora, o destino de Matilde está no Congo, a salvar vidas em circunstâncias desesperadas, e também os interesses de Eliah o levam na mesma direcção. Mas a vida de soldado profissional - e os erros do passado - trouxeram a Eliah muitos inimigos. E a determinação de Matilde em defender a paz não a protegerá das vicissitudes da guerra...
Retomando a história dos protagonistas do primeiro volume, Cavalo de Fogo - Congo define-se pelas mesmas características essenciais. Há um romance como base para o enredo, sendo os seus protagonistas também o centro de uma história para lá do romance. E, por isso mesmo, um dos primeiros pontos a cativar é que nem só de romance vive este livro, já que, apesar de a ligação de Eliah e Matilde ter um papel fundamental no enredo, há muito mais para descobrir no decorrer da história.
Uma vez que grande parte da acção se passa no Congo, é inevitável que sejam referidas as condições de vida - quer devido ao conflito, quer a nível de acessos a comunicação e conhecimento médico - em alguns países de África. Este é um aspecto que, através dos olhos de Matilde, mas não só, a autora desenvolve no decorrer da narrativa. E fá-lo de forma marcante, porque não se limita a expor os factos, descrevendo-os (ainda que também o faça), mas retratando-os em acontecimentos, o que confere, desde logo, um maior impacto às situações, ao mesmo tempo que apela à reflexão. A esta questão central juntam-se ainda outras, como a relevância das missões e das organizações humanitárias, neste tipo de cenário, e ainda, numa associação ao papel de Al-Saud no enredo, as ambiguidades da condição de mercenário/soldado profissional.
Relativamente às personagens, continua a haver muito de cativante, não só nos protagonistas, mas também nalgumas mudanças surpreendentes operadas sobre alguns intervenientes secundários. Mas é claro que o foco continua sobre Eliah e Matilde, que, mantendo o mesmo carisma e empatia, se encontram agora envolvidos numa situação mais complicada.
O que me leva ao romance e, neste aspecto, a impressão que fica é a de que este livro funciona como uma transição para o que virá. Muito é deixado em aberto para o volume seguinte e, para chegar a esse final aberto, a autora coloca os seus protagonistas perante novos conflitos e, mais uma vez, abalos emocionais e indecisões. Neste aspecto, há, talvez, em certas situações, algum exagero. Ainda assim, o impacto emocional dos grandes momentos compensa amplamente essa impressão.
De leitura cativante, rico em momentos intensos e com uma história que não se limita ao romance entre os protagonistas, este é um livro que, deixando ainda muito para dizer no livro que se seguirá, consegue, ainda assim, marcar por alguns momentos de particular emotividade, e pela história cada vez mais complexa que constrói em torno das suas figuras centrais. Uma boa leitura, portanto. Gostei.

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