sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Uma Canção de Embalar (Mary Higgins Clark)

Kate Connelly tinha encontro marcado na fábrica de móveis do pai. Esperava que Gus, um antigo funcionário dedicado e perfeccionista, pudesse explicar-lhe a situação invulgar que detectava. Mas mal tinham acabado de entrar na fábrica quando uma explosão matou Gus e deixou Kate entre a vida e a morte. Agora, enquanto alguns julgam que ambos terão conspirado para causar a explosão, mas que algo correu mal, a irmã de Kate parece ser a única a acreditar na sua inocência. Mas o decorrer da investigação irá revelar outros segredos - e também a verdade sobre outros crimes.
Um dos grandes pontos fortes deste livro é a aura de mistério que se constrói em torno do incidente inicial, e que se expande à medida que novas perguntas sem resposta vão sendo apresentadas. Este ambiente deve-se, desde logo, à forma como a história é contada, alternando entre os pontos de vista das diferentes personagens e em capítulos curtos, revelando, ao pouco, as pistas essenciais e, ao mesmo tempo, apresentando novas perguntas a partir de cada possível resposta. Surge, a partir desta base, um enredo cativante, em que aqueles que parecem ser os principais suspeitos acabam por ser descartados perante novas possibilidades, mas sem que isso signifique uma total honestidade da sua parte. Além disso, o mistério não se resume a quem provocou a explosão, e as outras questões que lhe estão associadas permitem que a história se expanda a uma teia de segredos e de transgressões que dá lugar a um final que, ainda que um pouco apressado, surpreende pelo inesperado das revelações.
Relativamente às personagens, o que mais sobressai é o secretismo associado ao passado de algumas delas, bem como a aparente distância de algumas relações. Esta distância, cuja explicação apenas surge quase na fase final da história, faz com que, a princípio, haja bastante menos empatia para com as personagens, mas faz também todo o sentido, depois de revelados todos os mistérios. Além disso, e apesar dessa sensação de distância, há também um crescendo de emotividade com o evoluir do enredo, com pequenos momentos marcantes a conferir à leitura uma especial envolvência. E a surpreender, também, porque, nalguns casos, surgem de onde menos se espera.
Intrigante e agradável, este é pois um livro que, com um mistério muito interessante e um conjunto de possibilidades que culminam num final particularmente bom, cativa desde as primeiras páginas e nunca deixa de ser interessante. Gostei, portanto.

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