quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Loop - O Círculo da Vida (Koji Suzuki)

Desde criança que Kaoru Futami revelou um génio invulgar. A sua curiosidade levou-o a investigar um lugar no deserto, ao qual associava uma zona de elevada longevidade. A partir da sua descoberta, o plano de uma viagem a esse lugar tornou-se o pacto de suporte da sua família. Mas, anos depois, a viagem não aconteceu e o pai está a morrer de um vírus que parece ameaçar o futuro de toda a vida na terra. A origem, parece estar associada a um vírus, e a uma história vivida noutra vida e protagonizada por três figuras: Takayama, Asakawa e Yamamura. Cabe a Kaoru partir, finalmente, na tão ansiada viagem. As respostas que encontrará, essas, nunca as poderia ter imaginado.
Apesar de representar uma conclusão para o enredo dos volumes anteriores, este livro pode perfeitamente ser lido independentemente deles, já que a história se completa em si mesmo. Mas, mais que isso, o enredo deste livro questiona grandes partes da base dos anteriores. Daí que, para quem leu os primeiros livros, esse elemento seja o que primeiro surpreende. Tudo o que aconteceu antes é colocado sob uma nova perspectiva, dando resposta para as questões mais nebulosas, mas levantando novas questões e até pondo em causa o que se julgava esclarecido.
Tendo isto em vista, e considerando, além desta nova perspectiva, um novo protagonista, há, inevitavelmente, uma certa impressão de estranheza, que, primeiro desperta curiosidade para o que se poderá seguir e logo de seguida se converte em fascínio. Mas há ainda um outro ponto. Se desde o início havia um equilíbrio entre os elementos científicos e o que se poderia considerar um elemento sobrenatural, neste último livro, os limites confundem-se ainda mais, com as possibilidades científicas a ocuparem o papel dominante, mas também a questionar limites para o que pode ou não ser feito e explicado - e para as possíveis consequências.
Não é propriamente um livro de leitura compulsiva. Quer na explicação de teorias, quer na descrição da experiências, o enredo avança a um ritmo pausado. Para isso contribui também a apresentação - relativamente sintética, é certo, mas, ainda assim, com uma presença considerável na narrativa - dos acontecimentos dos livros anteriores. Isto facilita, é claro, a compreensão para quem não conhece a história prévia, mas abranda também o ritmo. Além disso, não é uma história que se defina por grandes momentos, mas por uma percepção crescente. Que culmina, ainda assim, em grandes surpresas.
Trata-se, então, de um livro que, sem ser propriamente viciante, cativa, ainda assim, por muitas razões. Pelas teorias e possibilidades na base do enredo, pela forma como surpreende a cada revelação, pela forma, até, como este novo protagonista encaixa na perspectiva global de tudo o resto. Surpreendente em muitos aspectos, e envolvente, ainda que de ritmo pausado, acaba por dar todas as respostas da forma menos esperada. E acaba por ser, por isso, a mais adequada das conclusões. Muito bom.

Sem comentários:

Enviar um comentário