quinta-feira, 24 de abril de 2014

Uma Noite no Expresso do Oriente (Veronica Henry)

Sonho, requinte e magia: assim se define o ambiente que o Expresso do Oriente oferece aos seus passageiros. Uma noite única e uma viagem capaz de mudar toda uma vida. Ou pelo menos a dos protagonistas desta história. Entre um casamento longamente adiado, uma família em construção, um encontro às cegas e um segredo com décadas da existência, a viagem até Veneza será cheia de emoções. E, independentemente das escolhas que venham a fazer, nenhum dos passageiros voltará à rotina igual ao que era dantes.
Uma das coisas que surpreende neste livro é que, apesar de não ser particularmente extenso, tem um conjunto relativamente vasto de personagens relevantes. Cada casal, ou possível casal, ou família, tem uma história essencialmente independente, sendo que, na maioria, o que têm em comum é simplesmente o facto de estarem a fazer a mesma viagem. O que acontece, portanto, é que cada uma das histórias acaba por ser relativamente simples, já que o enredo se dispersa entre as várias personagens.
Ainda assim, o todo é algo mais do que simplesmente o conjunto de todas as histórias. Primeiro, porque há uma base emocional e afectiva que é comum a todas e que, assente no potencial de mudança e crescimento das personagens, acaba por criar uma sensação de unidade, mais não seja porque todos encontram algo de bom na sua jornada. Além disso, há uma ligação ao passado, na viagem de Imogen e na história do quadro que ela vai buscar a Veneza. Ligação essa que abre, também ela, caminho a uma nova história que, também ela breve e aparentemente simples, acaba por ser a mais cativante de todas.
Apesar de ser, no geral, uma história leve, com alguns momentos divertidos e centrada, essencialmente, numa mensagem positiva, é também uma história de emoções fortes, seja em termos de tensão familiar ou de dúvidas relativas a uma relação, seja a nível da preservação de segredos e das suas consequências. São muitos, por isso, os momentos emotivos e, na história de cada personagens, havia ainda o potencial para muito mais. Qualquer uma dos caminhos que se cruzam neste enredo daria, por si só, uma história mais extensa. Ainda assim, a relativa brevidade confere uma certa leveza, que acaba por ser adequada ao ambiente mágico da viagem.
Simples, apesar das muitas personagens que a povoam, Uma Noite no Expresso do Oriente acaba, pois, por ser uma leitura leve e envolvente, com alguns surpresas e emoção quanto baste. Uma boa leitura, portanto.

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