segunda-feira, 12 de maio de 2014

Lágrima (Lauren Kate)

A morte da mãe deixou no coração de Eureka Boudreaux uma tristeza profunda, contida e silenciada por uma única instrução: Nunca, nunca mais chores. Mas, passados meses desde o acidente e de uma tentativa de suicídio que a isolou ainda mais, Eureka descobre que a vastidão das sombras da sua vida apenas começou a revelar-se. A herança da mãe, composta por um medalhão, um fragmento de meteorito e um livro que ninguém consegue ler, lança Eureka numa busca por respostas. Mas a sua procura coloca-a também em perigo. E entre o amigo de sempre que se tornou estranho e o estranho que lhe inspira uma confiança sem explicação racional, Eureka tem de enfrentar, ao mesmo tempo, os seus próprios dramas e o perigo de um legado familiar capaz de preservar o mundo. Ou de o destruir.
Apesar de uma base sobrenatural diferente e de uma interessante evolução em termos de caracterização de personagens, este livro tem, sem dúvida, uns quantos aspectos em comum com a série Anjo Caído. A escrita continua a ser relativamente simples, ainda que com alguns momentos particularmente bem conseguidos na forma de caracterizar certos elementos, e a história da protagonista divide-se entre dramas e dificuldades de adolescente e um papel determinante num contexto de base sobrenatural. Nestes aspectos comuns, o que sobressai é a evolução, com um melhor equilíbrio entre os conflitos e amores de adolescência (ainda que continuem a surgir em abundância) e o desenvolvimento do aspecto sobrenatural do enredo.
Falando do sobrenatural, que é, aliás, o grande ponto forte deste livro, há dois aspectos que se destacam. Primeiro, o contexto construído em torno da Atlântida, com a associação à história do livro de Eureka, abre vastas possibilidades para o que poderá acontecer às personagens e ao mundo em geral. Além disso, e apesar do muito que é ainda deixado em aberto, as capacidades das personagens mais relevantes, bem como, de resto, o que a sua acção transpõe para o mundo em redor, proporcionam um bom ritmo de acção, principalmente a partir do momento em que as revelações ganham destaque relativamente aos problemas pessoais.
Relativamente às personagens, Eureka não é a protagonista forte e infalível, mas antes uma figura cheia de vulnerabilidades silenciadas. Isto torna-a empática e, em certa medida, transparente, o que contrasta com o mistério em torno de Ander. Quanto aos que os rodeiam, há um pouco de tudo, desde os carismáticos e interessantes aos simplesmente detestáveis. Mas, mesmo quando um ou outro momento parece um pouco mais forçado (como é o caso de algumas situações com Brooks) essa opção acaba por ser justificada pelo rumo da história.
Envolvente e intrigante, com uma ideia cheia de potencial e alguns momentos especialmente bons, Lágrima abre de forma muito promissora uma série que promete muito de bom. Leve, por vezes, mas com a medida certa de sombras, um belo início.

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