Há cinco anos, o marido de Laurie Moran foi assassinado diante do filho de três anos, a quem foi deixado um recado que prometia que a mãe seria a próxima e depois ele. Durante esses cinco anos, Laurie viveu com o medo de que o Homem dos Olhos Azuis voltasse a aparecer. Mas o tempo passou e o facto de o assassino não se ter manifestado não serviu para a tranquilizar. Agora, Laurie está prestes a entrar numa nova aventura, como produtora de um programa que pretende revisitar casos por resolver. E, se o caso que serve de base ao primeiro episódio é, por si só, um grande mistério, o aparato em torno da recriação da Gala da Formatura pode muito bem ser a oportunidade de que o Homem dos Olhos Azuis precisa para voltar a atacar...
Mais focado no mistério que propriamente nas personagens, como, aliás, parece ser característica dos livros desta autora, este é um livro que surpreende em primeiro lugar pela forma como, em poucas páginas, cativa o leitor para a sua história. Isto deve-se, em primeiro lugar, à escrita, directa quanto baste e em capítulos curtos - apesar de um ritmo inicialmente mais pausado, devido a alguma contextualização - , mas também ao facto de haver um acontecimento marcante logo nas primeiras páginas. Ora, este acontecimento, além de criar uma sombra que se prolongará por grande parte do livro, cria, desde logo, um pico de intensidade que desperta a curiosidade em saber mais.
Além disso, e ainda que, tal como disse, o mistério (ou mistérios) esteja no cerne do enredo, há, neste livro, um maior desenvolvimento das personagens. Curiosamente, este não se aplica tanto a Laurie, mas aos que a rodeiam, tanto a nível familiar, como (e principalmente) no que diz respeito à Gala da Formatura. É que o caso na base do programa é tão interessante como o do Homem dos Olhos Azuis, e a forma como a autora desenvolve as razões dos vários possíveis suspeitos contribui em muito para fazer com que a história nunca deixe de ser intrigante.
Mas há outro pormenor surpreendente em todo este mistério. É que nem todas as respostas são imprevisíveis, e não há dúvidas de que não há grandes dificuldades em identificar o verdadeiro papel de alguns dos intervenientes. Ainda assim, a forma como a autora conduz a história, insinuando outras possibilidades e reflectindo-as nas dúvidas das personagens, torna o enredo cativante, conduzindo-o num crescendo de intensidade até culminar num final que, não sendo completamente inesperado, tem, ainda assim, um laivo particularmente agradável de justiça poética.
Tudo somado, temos um policial envolvente, com um mistério intrigante e uma linha de acontecimentos que, não sendo inteiramente surpreendente, consegue, apesar disso, ser muito cativante, quer pela teia de possibilidades que apresenta, quer pela forma como essas mesmas possibilidades influenciam as personagens. Uma boa história, portanto, e uma leitura que recomendo.
Título: O Azul dos Teus Olhos
Autora: Mary Higgins Clark
Origem: Recebido para crítica
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