Tudo começou com a descoberta de um portal na zona mais escura do universo. Aí, o ambicioso líder do sistema cloudeano julgou poder encontrar demónios para submeter à sua vontade - para se ver ele mesmo subjugado. Agora, Cloud transformou-se num império dominado pela vontade do Sem Corpo, a entidade demoníaca que tomou posse do líder cloudeano e se fez imperador. E a ambição de Sisterool é ilimitada. Não descansará enquanto não alcançar todo o poder que deseja e sabe que a chave para o fazer está no sistema vizinho, governado por uma casta que, praticante de uma arte esquecida, domina um poder perto do inimaginável. Encarnado tem de cair para que Sisterool possa alcançar o que ambiciona. Mas o monge rei e os fiéis da Disciplina sabem da escuridão que se aproxima...
Extenso, complexo, e com um mundo tão vasto como o potencial das personagens que o povoam, este é um livro cheio de possibilidades - e com um problema que é difícil de ignorar. E é precisamente por aí que começo, uma vez que, independentemente dos pontos fortes que tem, este é um factor presente ao longo de todo o enredo. Refiro-me à escrita, que, bastante errática, com muitas gralhas e bastante estranha na construção das frases, confere a toda a narrativa um ritmo bastante entrecortado, problema que facilmente se resolveria com um bom trabalho de revisão. E é uma pena, porque, independentemente dos erros evidentes e de tudo o que parece estranho na forma de contar a história, há um mundo cheio de potencial neste livro e um enredo que, mesmo com tudo isto, não deixa de despertar curiosidade.
O que me leva às qualidades. E há-as, no mundo, nas personagens e no desenrolar dos acontecimentos. No mundo, porque há um potencial vastíssimo na construção dos vários sistemas e na teia de relações que entre eles se estabelecem, bem como nos vários regimes, sistemas de crenças e entidades mais ou menos sobrenaturais que intervêm no enredo. Nas personagens, porque, ao percorrer um longo período de tempo, o autor permite conhecê-las a fundo, vê-las crescer, conhecer-se as vulnerabilidades e o potencial que escondem dentro de si. E no enredo, porque há muito de interessante a acontecer, várias revelações surpreendentes e todo um conjunto de momentos marcantes e intensos ao longo do caminho.
Há também um curioso equilíbrio entre a evolução narrada neste livro e as possibilidades que ficam ainda por explorar. É como se este primeiro livro fosse uma fase de uma história mais vasta, com um enredo central que alcança a sua devida conclusão, mas em que há também um grande futuro pela frente. Não fica, por isso, aquela sensação de curiosidade insatisfeita, mas antes a impressão de ter acompanhado o decorrer de uma era - à qual se seguirá inevitavelmente algo de novo.
E assim, a impressão que fica é a de um livro muito interessante, que, infelizmente, perde parte da envolvência pela forma como está escrito. Ainda assim, fica o potencial da história e a força das personagens a despertar curiosidade para o que se poderá seguir a esta estreia que, muito longe de ser perfeita, acaba, ainda assim, por ficar na memória.
Título: Batalha entre Sistemas - O Começo de uma Era
Autor: J. A. Alves
Origem: Recebido para crítica
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