sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Outcast, Vol. 4: Sob a Asa do Diabo (Robert Kirkman e Paul Azaceta)

Ainda ninguém sabe ao certo o que eles são, mas tudo indica que são legião e estão espalhados por toda a parte. O que procuram é também um enigma, mas há algo que os atrai para os Proscritos e, ao que parece, também a filha de Kyle Barnes possui os mesmos dons que ele. Quanto a Kyle... está numa situação delicada. E o seu único verdadeiro aliado, o reverendo Anderson, terá de correr grandes riscos se quiser ajudá-lo. Principalmente porque também ele está a lutar com os seus demónios... 
Nunca deixa de ser impressionante a forma como cada um destes livros parece elevar o enredo a um novo pico de intensidade. Claro que era de esperar que as coisas fossem... tensas... à partida, tendo em conta o final do volume anterior, mas a forma como os autores conduzem a história, entrelaçando grandes momentos de acção com revelações cada vez mais poderosas e uma cada vez maior complexidade no que respeita à mente das principais personagens torna tudo simplesmente irresistível. Começa-se a ler na expectativa de saber o que acontecerá a Kyle... e, sem dar por isso, vemo-nos embrenhados em novas dificuldades, com a certeza de que, com cada resposta dada, virão muitas novas perguntas... e um sem fim de possibilidades para os volumes que se seguirão.
Outro aspecto que surge também em crescendo - e de que maneira! - é a ambiguidade moral das personagens. Se, no primeiro volume, parecia ser suficientemente clara a linha que separava o bem do mal, agora as coisas já não são assim tão simples. Há, aliás, um momento neste livro capaz de pôr tudo em causa. E, claro, tudo muda de um momento para o outro. E, se tudo se encaminha para uma situação cada vez mais difícil, os acontecimentos deste volume específico deixam uma única grande certeza: as coisas vão complicar-se ainda mais.
Torna-se, pois, difícil resistir a esta série, não só pelo enredo cada vez mais viciante, mas também pela forma como tudo, desde as grandes cenas de acção aos momentos de vulnerabilidade, ganha vida no equilíbrio praticamente perfeito entre diálogos e imagem. É fácil reconhecer as emoções na expressão das personagens, sentir a intensidade do momento nos seus gestos, reconhecer até o matiz cada vez mais sombrio das circunstâncias pelos tons que parecem definir cada cenário. Tudo converge nas medidas certas para, no fim... deixar uma vontade quase irresistível de continuar.
Basta Kyle Barnes, com as suas peculiares circunstâncias e a sua natureza cada vez mais intrigante, para tornar esta história irresistível. Mas há um todo mais vasto à sua volta, negro e desolado e, talvez por isso mesmo, repleto de potencial, e uma história tão cheia de possibilidades (e tão hábil nos seus finais em suspenso) que é impossível não querer saber o que acontece a seguir. Tudo construído de forma tão marcante e equilibrada que basta, enfim, uma palavra para caracterizar estes livros: geniais. E altamente recomendados, claro.

Autores: Robert Kirkman e Paul Azaceta
Origem: Recebido para crítica

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