Emmy parece ter sido razoavelmente aceite pelas pessoas de Harrow County como alguém diferente da bruxa Hester Beck, mas isso está longe de significar o fim das assombrações. O Rapaz sem Pele vê-se atraído por alguém que pretende testar a sua lealdade, revelando-lhe algo da sua natureza. Já Bernice descobre a existência de outra bruxa e o início do que pode ser uma missão. Quanto a Emmy, dirige-se a uma casa assombrada na esperança de poder ajudar os seus habitantes... mas aquele lugar pode muito bem ser uma armadilha. Em Harrow County nada é o que parece. E a bruxa pode estar morta, mas a sua presença continua bem viva.
Ao terceiro volume da série, poder-se-ia pensar que não haveria muito mais a dizer sem revelar demasiado sobre os desenvolvimentos. Mas nada estaria mais longe da verdade. Cada novo volume é um expandir das complexidades da história, uma sequência de novas revelações e, claro, a habitual mistura eficaz de horror, mistério e emoção que prende do início ao fim.
Mas, neste terceiro volume, não faltam, de facto, coisas novas. A começar pelas diferentes ramificações, dedicadas a personagens e mistérios diferentes. Emmy continua a ser o cerne de tudo, mas a história segue agora também outras personagens na busca pelo seu papel neste mundo. E, cada uma à sua maneira, proporcionam momentos de brilhantismo, revelações surpreendentes e a promessa de grandes possibilidades para o que se seguirá.
Também particularmente interessante é que, com a entrada em cena de novos autores, estas ramificações acabam por sobressair também da própria arte. Cada faceta da história tem um traçado diferente, particularmente visível nas aparições de Emmy, mas, no caso do último capítulo, palpável até nas mais pequenas coisas. O que, além de acrescentar profundidade à leitura, tem, no caso deste último capítulo, o efeito de realçar o papel das diferentes personagens, pois todas são importantes, mas é à volta de Emmy e do seu poder que todo este mundo gira. O que lhe acontece pode virar Harrow County do avesso e isso é bastante visível na arte do capítulo quatro.
Tudo termina em aberto e, no entanto, para cada uma destas personagens parece ter-se encerrado uma fase da sua história. O que vier a seguir será necessariamente diferente. Por isso, mais do que curiosidade insatisfeita, a sensação que fica é a de chegar a um ponto onde tudo aconteceu como devia e de que o que segue será ainda melhor. Escusado será dizer, por isso, que a vontade de ler o volume seguinte o mais rápido possível é imensa.
Horror, mistério, intensidade e a medida certa de emoção: são estes os ingredientes fulcrais desta série que, a cada novo volume, consegue simultaneamente surpreender a cada passo e proporcionar a sensação de um agradável - embora sombrio - regresso a casa. Dificilmente se poderia pedir mais a um livro. Este corresponde inteiramente às expectativas.
Autores: Cullen Bunn e Tyler Crook
Origem: Recebido para crítica
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