sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Dormir num Mar de Estrelas - Volume Um (Christopher Paolini)

Kira Návarez está a contar os dias para o regresso a casa, mas o que parece ser uma avaria menor leva-a a uma última saída para o planeta que têm vindo a explorar. Aí, escondida num local discreto, descobre o que é nitidamente uma construção artificial, mas não de origem humana. O que parece ser a descoberta de uma carreira acaba por se tornar em algo muito diferente. É que o que Kira encontrou não é apenas um artefacto. É uma forma de vida... e acaba de a invadir. Em luta pelo controlo de si mesma, Kira vê-se no cerne do que parece ser a reconstrução de uma luta antiga. E a sua batalha interior está prestes a tornar-se numa guerra implacável guerra intergaláctica.
Uma das primeiras coisas que importa referir sobre este livro salta à vista ao olhar para a capa: que se trata apenas do primeiro volume da história. E importa salientar isto porque este é um daqueles livros em que cada capítulo é um novo desenvolvimento e em que a história vai ganhando intensidade a cada nova revelação. Há sempre algo a acontecer e novas ameaças a pairar, o que significa que é bom estarmos preparados para chegar ao fim deste volume com metade da história ainda pela frente: com muitas perguntas, muitas dúvidas... e, claro, muita curiosidade em descobrir o resto.
É também um livro surpreendentemente viciante, se tivermos em conta não só o tamanho como a construção exaustiva de cenários, contextos, mecanismos e outros pormenores mais técnicos. Múltiplas espécies implicam múltiplas divergências, além das complexidades da tecnologia do futuro em que Kira e companhia vivem. Ainda assim, e apesar de toda esta vastidão de pormenores, a história nunca se torna maçadora. É, aliás, fascinante toda esta construção de sistemas. Além disso, não faltam também grandes momentos de acção a contrapor a esta grande dose de informação a assimilar, o que significa que, entre a tensão e os perigos, a emoção das grandes batalhas e a introspecção dos longos silêncios, tudo acaba por ser assimilado de forma gradual, pois tudo pertence ali.
O que me leva ao último ponto de destaque: o impacto emocional. Entre fugas dramáticas, lutas pela vida e grandes explosões, seria, talvez, de esperar que o elo emotivo passasse, por vezes, para segundo plano. Mas não. Em primeiro lugar, é absurdamente fácil sentir empatia face às circunstâncias da protagonista, presa a uma criatura desconhecida que tem dificuldades em controlar, mas com a qual tem de viver, e que lhe retirou todas as suas âncoras. Além disso, não faltam momentos emotivos ao longo do caminho, seja por pequenas falhas ou por grandes revelações. Ao longo desta longa história, Kira Návarez vai-se tornando avassaladoramente próxima e fácil de compreender. E isso faz com que todo o enredo ganhe ainda mais intensidade.
É só o primeiro volume, mas não lhe faltam qualidades. Intenso, cheio de surpresas, vastíssimo na construção do mundo e também na das personagens, prende desde as primeiras páginas e nunca deixa de surpreender, nem mesmo nos pormenores mais intrincados. E é por tudo isto - e também pela emoção que transborda dos mais inesperados momentos - que fica gravado na memória. Tal como a promessa de que muito de bom se seguirá ainda.

1 comentário:

  1. Deixaste-me com ainda mais vontade de ler este livro. A série Eragon deixou-me fã deste autor - era simples ao início mas evolui juntamente com o escritor, acabando de uma forma espectacular e madura. Estou com boas expectativas em relação a este livro, portanto. 😁

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