Cem anos passados desde o dia em que Lazarus Averbuch, judeu e imigrante, foi morto enquanto tentava entregar uma mensagem ao chefe da polícia de Chigago, Brik e Rora decidem voltar aos lugares das suas origens e pesquisar o passado de Lazarus, com o objectivo de escrever a sua história. Mais que uma viagem ao passado de cada um deles, contudo, este livro leva-nos a seguir o passado geral de todo um grupo, transmitindo uma imagem clara e bastante detalhada dos cenários onde a história se processa.
O grande ponto forte deste livro são as descrições, precisas e completas, o que torna simples imaginar os cenários. O mais marcante, ainda assim, são os aspectos mais negros na história da imigração. Os pogrom, a forma como a informação inconveniente era ignorada, os relatos de uma criminalidade cuidadosamente esquecida. Aspectos tão evidentes no tempo de Lazarus, vítima das suas relações e de uma impiedosa luta contra os anarquistas, como na estranha vida de Rora, com os seus mistérios e histórias mais ou menos verdadeiras.
Centrado no detalhe, é possível que alguns momentos do livro, nomeadamente os mais explicativos, se tornem um pouco monótonos e é aí que este livro perde um pouco. No seu propósito de criar uma imagem global, acabamos, por vezes, por perder de vista os protagonistas deste romance. Ainda assim, esta quebra de ritmo é, na minha opinião, compensada pela forma como o autor apresenta muitas das situações e, em particular, na forma como desenvolve a personalidade de Olga Averbuch, na sua persistência por defender o irmão.
Um livro que exige, por vezes, algum esforço de concentração e que, com os acontecimentos sombrios que, de forma séria e completa, relata, nunca poderia ser uma leitura leve. Mas que, com uma escrita fascinante e um enredo marcante, vale bem a pena o esforço dos momentos mais cansativos. Gostei.
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