domingo, 9 de janeiro de 2011

O Voo da Águia (Simon Scarrow)

Prossegue a campanha na Britânia. O grande objectivo é a tomada de Camulodónia e o imperador Cláudio está decidido a liderar ele próprio a grande batalha. E a Segunda Legião terá um importante papel a desempenhar. Mas nem só os bretões são motivo de preocupação para Macro, Cato e Vespasiano. Nas sombras, conspira-se contra a vida do Imperador e derrubá-lo é o objectivo primordial... mesmo que isso custe o futuro de toda a campanha contra os bretões e as vidas de demasiados legionários.
Se há algo que realmente adorei neste livro foi a forma como, passados alguns meses desde a leitura de A Águia do Império, a sensação de familiaridade e empatia para com as personagens ser retomada quase desde as primeiras páginas. É bom reencontrar e continuar a acompanhar o crescimento de personagens tão diversas e interessantes como Macro, a figura do centurião moldado pelas legiões e, por vezes, um pouco insensível, Vespasiano, com o seu papel superior e a sua consequente necessidade de se mostrar menos humano do que realmente é, e Cato, o meu favorito incondicional, com a sua mente demasiado sensível para a brutalidade das legiões, mas, ainda assim, com capacidades mais que adequadas ao seu estatuto. Num cenário tão complexo como o mundo dos conflitos e intrigas do império Romano, é particularmente agradável notar que, entre batalhas e conspirações, há espaço para construir personagens capazes de revelar uma humanidade que crie ligações de empatia com o leitor.
Mas este livro é mais que simplesmente a caracterização das suas personagens e o enredo é intenso e envolvente, apresentado com uma escrita fluída e descrições soberbas, quer em termos de cenário, quer nos próprios passos das principais batalhas. Scarrow é claro nas suas descrições e meticuloso na apresentação dos elementos históricos e, contudo, não há momentos parados nem momentos de exaustiva descrição. Tudo parece estar na medida certa para tornar este livro numa obra vasta em elementos de interesse, mas também numa leitura viciante.
Por último, e tal como já acontecera no volume anterior, há a referir as questões e possibilidades que são deixadas em aberto. Conspirações tomam forma e acabam por fracassar, mas heróis mantêm os seus feitos em silêncio e cobardes clamam para si toda a glória. Ficam, por isso, em suspenso as possíveis novas aventuras que estarão no caminho destes homens que aprendemos já a conhecer, perante forças que, ainda que temporariamente impedidas, continuam a ser ameaças ocultas na sombra. E é também isso que faz com que, ao virar da última página, a vontade de prosseguir imediatamente para o volume seguinte seja muita.
Intenso, envolvente, com a dose certa de acção, intriga e emoção, um livro que não posso deixar de recomendar, quer pela interessante visão da vida nas legiões romanas, quer pelo fascínio mais pessoal dos seus protagonistas. Muito bom.

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