terça-feira, 25 de outubro de 2011

Soldados de Honra (Adrian Goldsworthy)

Ano 1808. Em plena guerra com os franceses, a entrada no exército é vista como uma oportunidade de carreira vantajosa. Mas não há lugares para todos e para aqueles que, como Hamish Williams, não têm a possibilidade de comprar uma posição de oficial, a solução é servir como voluntário até que surja uma vaga. Para Williams, até esta é uma possibilidade remota. Mas talvez quando o 106º regimento se desloca a Portugal para auxiliar na guerra contra Napoleão, as oportunidades acabem por surgir...
Mais conhecido pelos seus livros de história divulgativa (dos quais importa destacar o muito completo O Fim do Império Romano), não surpreende que seja nos detalhes históricos que o trabalho do autor se destaca. Tanto na caracterização do quotidiano de um exército à espera de ordens como na precisa e pormenorizada descrição das batalhas, destaca-se a atenção ao pormenor, a caracterização cuidada das pequenas coisas, o desenvolvimento até dos mais simples gestos que contribuem para a construção de uma imagem clara e global do que seria a vida num exército da época.
Ainda que, até certo ponto, se possa ver Williams como um protagonista, não há uma personagem que se destaque claramente sobre as restantes. Há uma atenção particular para com as personagens do "grupo" de William, bem como algumas figuras superiores (como MacAndrews e Wellesley), mas o foco está nos eventos e não nas personagens e, por isso, é no essencial do conflito que se centra a acção.
Em resultado disto, o ritmo que se estabelece é relativamente pausado. É necessária uma certa medida de concentração para acompanhar todos os pormenores, principalmente porque os momentos pessoais da narrativa são apenas uma pequena parte de uma história mais global, menos pessoal. Ainda assim, há algo de cativante na precisão desses pormenores e na forma como, entre uma visão mais geral das circunstâncias, os pequenos traços que definem algumas das personalidades (Williams em particular, claro) surgem em força nos melhores momentos.
Não é, portanto, uma leitura compulsiva. Pausado e cheio de pormenores, é um livro para apreciar com calma, descobrindo lentamente as pequenas coisas. É, ainda assim, uma obra que, sendo ficção, apresenta toda uma vastidão de elementos históricos relevantes e, como tal, muito de interessante para descobrir.

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