Henrik Petersson, ou HP, sempre se sentiu subestimado e maltratado pela vida, que nunca lhe deu o reconhecimento que sempre julgou merecer. Mas tudo muda no momento em que encontra um estranho telemóvel, através do qual é convidado a participar num jogo que promete abalar a sua realidade. O seu papel é cumprir as missões que lhe são enviadas e que depois chegam ao que ele julga ser um público fiel. A regra fundamental é nunca falar do Jogo. Mas, à medida que as missões se tornam mais perigosas, e os seus contornos mais difíceis de compreender, HP descobre que o Jogo não é apenas uma brincadeira e que o que está em causa pode ser um sistema muito mais vasto... e de intenções obscuras.
Tendo como ponto de partida um jogo em que muito pouco é explicado ao protagonista, este é um livro que cativa, em primeiro lugar, pela aura de mistério que, desde logo, se cria. Nunca chega a ser uma leitura compulsiva, já que a intensidade das missões alterna com momentos de ritmo mais pausado, mas também nunca deixa de ser envolvente. O mistério em torno do que é o Jogo e a forma como a perspectiva de HP muda a cada nova revelação mantém sempre viva a curiosidade em saber mais. E se, para cada resposta dada, surge sempre uma nova pergunta, também a forma como as respostas são obtidas - envolvendo sempre o perigo e uma certa dose de loucura - contribui para tornar a história mais interessante.
Também o desenvolvimento do protagonista consegue ser surpreendente. Algo irresponsável, sem perspectivas, focado na necessidade de ganhar e de alcançar reconhecimento, HP não é, à partida, o tipo de personagem que desperta empatia. Ainda assim, com o evoluir da história e com as escolhas que se vê forçado a tomar, há uma faceta desconhecida do seu carácter que vai sendo revelada. HP torna-se uma personagem mais complexa, com um passado que o torna mais facilmente compreensível. E, com as suas escolhas e memórias a justificarem um certo percurso de crescimento, a sua personalidade consegue tornar-se cada vez mais cativante, sem por isso perder o que o define.
Mas nem só de HP vive esta história. Aliás, parte da sua evolução também se deve em muito à outra personagem central deste livro. Com os seus próprios fantasmas e um envolvimento crescente na linha principal do enredo, Rebecca Nórmen dá à história uma nova complexidade, quer pela sua personalidade carismática e pela complexidade da sua história pessoal, quer pela forma como as suas acções - e memórias - se cruzam com as de HP. Juntas, as histórias de ambos equilibram-se mutuamente, tornando a história mais intensa e servindo de base a alguns momentos especialmente bons.
Sendo este o primeiro livro de uma trilogia, ficam, naturalmente, muitas questões em aberto. Ainda assim, também neste aspecto sobressai um bom equilíbrio. As perguntas sem resposta despertam curiosidade para o que se seguirá no livro seguinte, mas não retiram impacto ao final intenso que, de certa forma, fecha uma fase do percurso, para abrir caminho ao nível seguinte.
Com uma boa história, personagens carismáticas e um cenário global deveras interessante, O Jogo equilibra as medidas certas de tensão e mistério, e até um toque de emoção, num enredo que surpreende em muitos aspectos. Intenso e intrigante, um início muito bom.
Que interessante!!!! :-)
ResponderEliminarBeijos e Boas leituras
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