Com a Selecção reduzida a apenas seis raparigas, e a competição cada vez mais feroz, America sente que está a ficar sem tempo para tomar uma decisão. E, contudo, nunca precisou tanto desse tempo. Quando está com Maxon, sente que não pode deixar de ficar com ele, até porque tudo indica ser ela a sua eleita. Mas Aspen está mais presente que nunca e America não pode deitar o passado para trás das costas. Entretanto, o tempo passa e os desafios são cada vez mais difíceis. E, com a acção cada vez mais brutal dos rebeldes e a descoberta das verdadeiras dificuldades inerentes ao cargo a que se candidata, America começa a questionar o que está ali a fazer. E se o Maxon que conhece é, afinal, o verdadeiro.
Dando continuidade aos acontecimentos do primeiro volume, este é um livro que cativa, acima de tudo, pela evolução do enredo, tanto nos acontecimentos propriamente ditos, como no equilíbrio que a autora constrói entre o cenário global, o triângulo amoroso e os aspectos mais práticos da governação do reino. Ainda que a Selecção continue a ser o centro da história e, por isso, o triângulo amoroso Maxon - America - Aspen continue a ter bastante protagonismo, há um maior desenvolvimento a nível dos outros aspectos da história, quer no que diz respeito à acção cada vez mais agressiva dos rebeldes, quer no que toca ao lado mais sombrio do que é ser-se parte da família real. É, aliás, desta faceta da história que surgem algumas das maiores revelações - e dos momentos mais memoráveis - do livro.
Se é certo que a história é, na generalidade, bastante cativante, há, ainda assim, alguns momentos um pouco forçados. O que acaba por ser inevitável, tendo em conta alguns avanços e recuos nas escolhas de America. Mas, se os desenvolvimentos acabam por ser um pouco confusos no que diz respeito ao factor romance - complicados, em grande parte, pela necessidade de escolher, tanto da parte de Maxon como de America, há, ainda assim, todo um conjunto de aspectos complementares - desde a história do reino à verdadeira relação entre os membros da família real - que compensam amplamente este lado um pouco mais rebuscado do enredo.
Quanto à escrita, cativante e fluída, ainda que sem grandes elaborações, contribui também para a envolvência do enredo, pois confere-lhe uma certa leveza que faz com que as páginas passem quase sem se dar conta. Além disso, ao contar a história pela voz de America, a autora cria uma maior proximidade para com a sua protagonista, proximidade esta que se torna mais relevante devido ao surgir de umas quantas revelações.
De tudo isto resulta uma leitura leve e cativante, com um bom equilíbrio entre o elemento romântico e as restantes componentes da narrativa, e em que, nos momentos memoráveis e nas grandes revelações, a verdadeira força das personagens acaba por ter um impacto surpreendente. Uma boa história, portanto.
Título: A Elite
Autora: Kiera Cass
Origem: Recebido para crítica
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