A jovem advogada Ruby Bozarth acaba de abrir o seu escritório em Rosedale e, com algumas dificuldades de percurso, espera conquistar o seu lugar e os clientes de que tanto precisa. Mas está longe de imaginar as reviravoltas que a aguardam. Ao ver-se a braços com a defesa de um jovem negro, acusado do homicídio de uma mulher branca e rica, Ruby depara-se com o que julga ser o mais difícil dos casos. Mas, mais uma vez, grandes surpresas a aguardam. Acreditar na inocência do seu cliente não chega, muito menos num lugar tão cheio de preconceitos. E, mesmo que consiga provar a inocência de Darrien, isso não significa que os problemas tenham terminado.
Ao iniciar a leitura de um livro de James Patterson, há certas características essenciais que são, à partida, expectáveis: são elas a escrita directa, sem elaborações desnecessárias, e o ritmo de acção constante, pautado por múltiplas descobertas, perigos e reviravoltas. Este livro não é excepção, abrindo com um cenário de crime e conduzindo depois a narrativa através de dois casos difíceis e cujos verdadeiros responsáveis se encontram onde menos se espera.
Outra qualidade está na força dos protagonistas, e também aqui não há excepções. Ruby Bozarth é uma personagem simultaneamente determinada e vulnerável, decidida a prosperar, mas com um conjunto de falhas que a tornam humana. Junte-se isto à situação delicada de Darrien e o resultado é uma empatia quase imediata, potenciada também por certos preconceitos sociais retratados de forma bastante certeira ao longo do livro. Essa empatia vai, aliás, crescendo e expandindo-se a outras personagens, com especial destaque para a "fada-madrinha" de Ruby, a poderosa Suzanne Green, personagem por vezes secundária, mas protagonista de alguns momentos notáveis.
Claro que o facto de haver tanta coisa a acontecer, e dois casos conjugados num mesmo percurso, faz com que certas resoluções pareçam um pouco apressadas. Fica uma certa curiosidade insatisfeita no que diz respeito ao misterioso jurado número três e a sensação de que alguns elementos podiam ter sido mais desenvolvidos. Ainda assim, a verdade é que o essencial está lá, numa história em que nenhuma pergunta crucial fica sem resposta e em que, tendo em conta o percurso da protagonista, o final se revela particularmente satisfatório.
Tudo se resume, portanto, a mais uma das leituras intensas, cativantes e cheias de surpresas a que James Patterson já nos habituou. Intrigante, intenso e com uma visão surpreendentemente certeira em termos de preconceitos sociais, um livro que prende do início ao fim.
Título: O Jurado N.º 3
Autores: James Patterson e Nancy Allen
Origem: Recebido para crítica
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