segunda-feira, 3 de março de 2014

A Serva do Império - vol. 2 (Raymond E. Feist e Janny Wurts)

Grandes mudanças se aproximam no sistema que rege o Império. Contra os interesses de algumas facções, a guerra com as gentes de Midkemia parece estar a agora a abrir caminho para uma relação diferente e, no seio de uma liderança que até então se definiu como espiritual, Ichindar, o Imperador de Tsuranuanni, pretende desempenhar um papel mais relevante no seu império em mudança. Mas, num mundo em que a tradição justifica intrigas e crimes, tudo se tece nas sombras. E, enquanto tudo muda em seu redor, Mara dos Acoma continua a ter novas batalhas para travar, já não apenas para proteger os seus, mas também, e acima de tudo, para servir o Império, que agora vê sob uma nova perspectiva.
Retomando os acontecimentos a partir da complexa situação em que terminou o primeiro volume, este é um livro que mantém essencialmente as mesmas características do anterior. O ritmo mantém-se pausado, com a já expectável componente descritiva a manter uma dimensão considerável, mas também, e mais uma vez, sem se tornar aborrecida. A razão para isso é também a mesma. A evolução do percurso de Mara coloca-a perante novas situações e novos lugares - ou no mesmo lugar, mas depois de uma mudança considerável. Além disso, o mundo de Tsuranuanni é rico em complexidades - de costumes, de hábitos, da tão invocada tradição - pelo que, com tantos elementos a caracterizar, é inevitável que haja muito a descrever. E também que todos estes elementos contribuem para acrescentar algo ao enredo.
E falando, efectivamente, do enredo, importa referir, antes de mais, um muito agradável crescendo de intensidade no desenrolar dos acontecimentos, iniciado já no volume anterior, mas que aqui se expande ainda um pouco mais. O que começou por uma história mais centrada numa personagem para depois se expandir para um âmbito de intriga entre grandes famílias expande-se agora ao contexto global do Império. Assim sendo, há mais em jogo a cada nova decisão, o que confere a todos os acontecimentos um maior impacto. 
Mas, e é este, possivelmente, um dos maiores pontos fortes a surgir desta evolução, o lado pessoal nunca se perde. Há momentos emotivos, situações difíceis e episódios de tensão e medo, e nem todos têm origem nas mudanças a ocorrer no sistema. A história continua a ser tanto a das intrigas do Jogo do Conselho como a de Mara enquanto mulher em aprendizagem. Por isso, a envolvência nunca se perde, nem mesmo quando são as complexidades das batalhas ou conspirações a ganhar relevância. Porque, mais discretamente ou no centro de tudo, há sempre uma personagem que desperta empatia ou curiosidade em saber o que o futuro lhe reserva.
De ritmo pausado, mas sempre envolvente, e com uma história que cresce em intensidade e complexidade a cada nova revelação, este é, pois, um livro que corresponde em tudo às expectativas criadas pelos volumes anteriores. Cativante, com personagens fortes e vários momentos marcantes... Muito bom.

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