segunda-feira, 10 de março de 2014

Prazer Ardente (Lisa Kleypas)

Passadas três temporadas sem qualquer sucesso no desígnio de arranjar um marido, Daisy Bowman vê-se perante um ultimato. O pai dela não tolera bem o fracasso - e ainda menos as despesas associadas a este fracasso em particular - e, por isso, decidiu que, caso Daisy não arranje um marido até ao final da temporada, ele mesmo lho arranjará. E a sua escolha já está decidida - e, à primeira vista, não é agradável. Matthew Swift, o protegido do pai de Daisy, é tudo o que ela considera indesejável, por lhe associar as características do pai. Mas, no momento em que se reencontram, Daisy descobre que a figura que recordava detestável e um pouco diferente do que pensava. E há algo entre ambos, entre atritos e divergências, que os compele irresistivelmente um para o outro.
Quarto livro de uma série, ainda que a história essencial do casal protagonista surja, toda ela, neste volume, este livro tem como primeiro ponto forte o facto de ter uma forte presença das personagens dos anteriores. Uma dessas personagens é a própria Daisy, evidentemente, pelo que a já presente familiaridade torna mais fácil entrar na sua história e criar empatia para com as suas circunstâncias. Mas sobressai também, e principalmente na fase inicial, em que os conflitos de personalidades são mais evidentes, a intervenção mais ou menos discreta de outras personagens, com ênfase para Lillian e Westcliff, que têm um papel determinante no enredo, mas também para as amigas de Daisy. Destas relações já conhecidas resultam não só vários momentos divertidos, mas um entrelaçar de afectos que complementa o romance central, tornando a leitura bastante mais interessante.
Outro ponto positivo é que, partindo de uma base relativamente previsível, com a passagem dos protagonistas do quase ódio à atracção e depois a algo mais forte, a autora pontua o seu percurso por momentos divertidos e episódios emotivos, criando pequenas surpresas e abrindo caminho para um final particularmente forte. Além disso, há um certo mistério em torno de Matthew Swift que o torna cativante e que, com o evoluir dos acontecimentos, se transforma, ante circunstâncias complexas, numa revelação do que de mais carismático tem a sua natureza. No fim, a história cativa tanto pelos desentendimentos como pela forma como se moldam em amor. Além disso, a tensão da fase final confere ao elemento emocional todo um novo impacto.
Tudo isto é narrado com leveza e fluidez, sem momentos mortos nem pressas exageradas. A escrita é, como a história, equilibrada, com as descrições necessárias e sempre algo de interessante a acontecer, num ritmo sempre agradável e em que a voz que conta a história se adapta da melhor forma ao momento, seja ele de emoção ou de humor.
Leve e divertido, mas com emoção em abundância e um muito agradável toque de mistério, Prazer Ardente é, pois, um livro que não desilude. Uma boa história, escrita de forma cativante e com personagens carismáticas. Muito bom.

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