Nathan está em fuga. Pode ter encontrado o pai e ter recebido o seu dom, mas isso não atenua em nada as suas dificuldades. Os Caçadores perseguem-nos. Os Bruxos Negros parecem querer dele apenas uma coisa: que cumpra a profecia e mate o pai. E, à medida que o tempo passa, parece cada vez mais improvável que Gabriel consiga chegar ao ponto de encontro que combinaram. Mais só do que nunca, Nathan tenta aprender a controlar o seu dom, ao mesmo tempo que procura uma pista que o leve ao seu amigo. Mas, mesmo que consiga, isso não chega. Há uma guerra prestes a acontecer. e é bem possível que Nathan esteja no seu centro.
De ritmo um pouco mais pausado que o anterior, mas igualmente cativante, Half Wild retoma a história num ponto de viragem para o seu protagonista. É por isso, aliás, que este segundo volume funciona, em certa medida, como uma fase de transição. Nathan tem de aprender a lidar com a sua natureza, de encontrar o que perdeu, de descobrir o seu lugar num mundo em que, sendo diferente de todos, está na origem de mudanças devastadoras. E estas mudanças levam tempo a assimilar, vindo daí o tal ritmo mais lento.
Isto não significa que não haja coisas interessantes a acontecer, tanto no cenário global como no crescimento pessoal do protagonista. No contexto global, ainda que visto apenas através da informação que Nathan obtém daqueles com quem comunica, há uma grande mudança a acontecer, mudança essa que está na base de muitos dos momentos mais intensos da história. E quanto a Nathan, há todo um conjunto de novas descobertas - sobre o seu dom, sobre o que os rodeiam, sobre a própria essência de se ser diferente - que, reflectindo mais que nunca a sua solidão, fazem dele uma personagem mais forte e mais empática.
Para esta impressão de empatia contribui também o facto de a história ser narrada do ponto de vista de Nathan, o que confere aos acontecimentos uma perspectiva mais pessoal. Além disso, com a entrada em cena de novas personagens - e a inevitável revelação de novas facetas das já conhecidas - todo o equilíbrio se altera, culminando num final que, intenso e surpreendente, cria grandes expectativas para o que se seguirá.
O que fica de tudo isto é a impressão de uma história de contrastes, em que a linha entre o bem e o mal facilmente se esbate. Um livro que, com personagens fortes, reviravoltas inesperadas e um muito marcante percurso de crescimento, cativa desde o início e nunca deixa de surpreender. Muito bom.
Título: Half Wild - Entre o Humano e o Selvagem
Autora: Sally Green
Origem: Recebido para crítica
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