Madeline não pode sair de casa. Tem uma doença rara, que torna o seu sistema imunitário tão débil que qualquer contacto com o exterior pode desencadear uma reacção fatal. E, uma vez que não parece haver grandes desenvolvimentos quanto a uma possível cura para a sua condição, Madeline habituou-se à sua vida. A ver o mundo pela janela, a viver na bolha isolada que é o seu quarto. Até ao dia em que tudo muda, ao ver pela primeira vez o novo vizinho. Olly é em tudo diferente dela. Vestido de preto e com um ar de mistério, desperta a curiosidade de Madeline. E, quando ele a vê à janela, o sentimento é mútuo. Mas como estabelecer contacto - e mais, como construir uma relação - quando Madeline está isolada do mundo e sabe que isso não vai mudar?
Não há provavelmente melhor palavra para descrever este livro do que esta: fofo. Pela ternura que pauta as relações entre as personagens, pela quase inocência que parece definir o percurso dos protagonistas em direcção à descoberta, até mesmo pelas formas que Madeline e Olly usam para expressar o que sentem... Há toda uma vastidão de afectos e de ternura neste livro e isso é mais do que o suficiente para nos deixar de sorriso nos lábios (ou de lágrimas nos olhos, conforme as circunstâncias). E, assim sendo, não poderia haver melhor ponto de partida para uma história como esta. Mas há mais.
Uma das maiores qualidades deste livro é que nenhum dos protagonistas é um estereótipo. Madeline não é nem a rapariga resignada à sua condição, nem a que está disposta a descartar tudo o que importa em nome de uma aventura, estando antes num lugar algures no meio. E também Olly tem as suas tribulações que, ainda que vistas pelos olhos de Maddy, são tão relevantes para a construção do enredo como a doença da própria Madeline. Olly e Maddy são personagens humanas, complexas, vulneráveis.E é provavelmente isso que torna tão interessante o percurso deles.
E há ainda um outro aspecto a destacar neste percurso. Se a história em si está cheia de momentos marcantes, também a forma como a história é contada contribui para o impacto final. Narrado pela voz de Madeline, em capítulos curtos, em que os sentimentos e pensamentos são tão importantes como a acção, e complementada por pequenos fragmentos dessa vida - desenhos, e-mails, comprovativos de compra - que, de alguma forma a tornam mais real, este é um livro em que a emotividade do enredo se torna ainda mais intensa pela originalidade da forma como é construído.
Da convergência de tudo isto, surge um livro divertido e comovente (sim, as duas coisas), uma jornada de crescimento tão diferente como universal e em que são os afectos que dão forma a toda uma nova visão da vida. Cativante, emotivo e muito surpreendente, não posso, pois, deixar de recomendar este Tudo, Tudo... e Nós.
Título: Tudo, Tudo... e Nós
Autora: Nicola Yoon
Origem: Recebido para crítica
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