terça-feira, 31 de julho de 2018

Mentes Poderosas (Alexandra Bracken)

Uma doença inexplicável alastrou pelos Estados Unidos e vitimou a grande maioria das crianças da nação. Mas não é esse o maior medo dos líderes do país. É que as crianças que sobreviveram parecem ter desenvolvido poderes e é isso que realmente assusta os adultos. Alimentando-se do medo global, o governo decide pôr todas as crianças em campos, classificando-as segundo as suas capacidades e dando às mais perigosas o destino... adequado. Ruby é uma delas e foi o seu poder a fazer com que fosse descoberta e também o que lhe permitiu sobreviver. Só que agora o engano que fez com que fosse classificada entre os menos perigosos está prestes a ser descoberto. E a única opção de fuga não é necessariamente agradável...
Um dos aspectos mais notáveis neste livro e também o que mais contribui para o tornar tão viciante é a forma como as circunstâncias das personagens despertam quase de imediato sentimentos fortes. O facto de serem crianças vulneráveis os protagonistas e as condições a que são reduzidas desperta uma estranha mistura de empatia e de revolta que basta para tornar praticamente irresistível a necessidade de saber o que acontece a seguir. Além disso, o contexto delicado, com poderes com um elevado potencial de destruição, mas com uma estrutura de defesa cujos actos são igualmente destrutivos, realça desde o início um impacto emocional que promete ser devastador.
E, embora baste o cenário global para tornar a leitura fascinante, é quando se observam os aspectos particulares que o verdadeiro poder se manifesta. Ruby, com os seus raros poderes e a difícil situação de se saber capaz de muito, mas incapaz de se controlar, é o tipo de personagem que é fácil compreender. E, quando o seu caminho se cruza com o de Liam e seus companheiros, o grupo que se forma é tão surpreendentemente coeso, apesar das diferenças entre as várias partes, que é impossível não ficar a torcer por eles.
Mas o caminho é longo e, dadas as circunstâncias, não é propriamente de esperar que haja dificuldades. Há esperanças, pequenos sucessos, perdas, fracassos, ilusões quebradas e... bem, a inevitável fuga constante. E, ao longo de todo este caminho, há inúmeras surpresas, situações perigosas, momentos profundamente emotivos e deliciosos laivos de humor. Há tudo, enfim. Tudo o que dá vida a uma história memorável e é precisamente essa a palavra que melhor define este início de série.
Intenso, viciante e cheio de possibilidades, trata-se, portanto, de um livro onde tudo cativa e tudo surpreende, das personagens ao seu percurso e ao difícil contexto em que se movem. E é isso mesmo que as grava na memória, deixando uma imensa curiosidade em descobrir o que o futuro lhes reserva depois deste início deveras promissor. Muito bom.

Autora: Alexandra Bracken
Origem: Recebido para crítica

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