terça-feira, 26 de maio de 2020

O Claude Vai Acampar (Alex T. Smith)

Enquanto os donos estão fora, o Claude vive grandes aventuras com o seu amigo, o senhor Borboto. Desta vez, o livro que comprou com a sua mesada leva o Claude a querer descobrir a selva, acampando... no jardim das traseiras. E é verdade que o jardim está um pouco maltratado, o que significa que o senhor Borboto vai precisar da ajuda do Claude para combater os seus medos. Mas será que um jardim pode ser assim tão selvagem? Estará assim tão mau?
Há algo de estranhamente refrescante em ler uma destas pequenas histórias, mesmo se a idade a que elas se destinam já ficou para trás há muito, muito tempo. O Claude é um cão aventureiro, o que, num contexto diferente, nos traz talvez à memória as aventuras de um tal Dartacão. E sim, tudo é diferente, mas, aos olhos de quem cresceu com esse intrépido cão, surge a mesma impressão de inocência e nostalgia. E é como regressar a esses tempos mais simples em que bastava uma história de poucas páginas - ou um desenho animado - para nos fazer sonhar.
Mas falemos do Claude. As aventuras do Claude são muito simples e também muito improváveis, o que, tendo em conta o público preferencial destas histórias, é bastante adequado. Para o Claude, um jardim torna-se uma selva, uns quantos coelhinhos tornam-se animais selvagem e o seu melhor amigo é uma meia. (Sim, isso.) É tudo altamente improvável, mas é também altamente criativo. E há algo de estranhamente encantador em imaginar esta história simples como se pudesse ser realidade. Principalmente, se a lermos em voz alta para alguém, acompanhada pelas imagens cheias de cor e de ternura.
E há ainda um outro ponto interessante, se olharmos para a história no sentido dos sentimentos e valores. Há uma amizade sólida (sim, o senhor Borboto é uma meia... mas é uma meia especial), um espírito aventureiro, uma boa dose de coragem e até um certo contraste entre preconceito e realidade (na forma de uns coelhinhos aterradoramente selvagens... ou não). O que resulta, claro, num belo ponto de partida para começar a falar de coisas sérias sem perder de vista a inocência e a simplicidade desta história - e dos pequenos leitores a que se destina.
Inocência, ternura e diversão: são estes os ingredientes essenciais desta pequena e envolvente aventura, perfeita para cativar pequenos leitores... e para despertar a nostalgia em leitores não tão pequenos.

Autor: Alex T. Smith
Origem: Recebido para crítica

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