Mouras encantadas, princesas e nobres cujo amor perdurou no tempo ou acabou em tragédia, locais que permaneceram como símbolo - ou inspiração - de uma história que talvez seja mito ou talvez tenha um fundo de verdade. A nossa tradição está repleta deste tipo de lendas, algumas mais sombrias e dramáticas, outras de final mais alegre. E é essa tradição que este livro nos apresenta, através de um conjunto de relatos breves, alguns certamente familiares, outros evocativos de outras histórias, e todos muito cativantes.
Sendo certo que o mais importante num livro é sempre o conteúdo, é inevitável, neste caso, começar por referir o aspeto visual. Desde a capa evocativa ao azul etéreo - ou enigmático - que domina o interior, e sem esquecer as imagens de locais ou elementos pertencentes a cada lenda, é um livro que dá gosto folhear e que prende imediatamente a atenção, antes mesmo de começar a leitura das muitas e intrigantes lendas que contém.
E esta é também uma boa forma de as começar a caraterizar: muitas e intrigantes na sua diversidade. Abrangem diferentes pontos do país e diferentes tipos de história, ainda que quase sempre com o amor em primeiro plano. (Porque o amor nunca morre, não é o que dizem?) E, contadas sempre de forma relativamente sucinta, mas num registo muito envolvente, quase evocam uma outra tradição, a de partilhar histórias antigas através de gerações, junto à fogueira ou antes de dormir. Ao ler estas lendas, quase é possível ouvi-las a ser contadas em voz alta, tal como as ouvimos - ou outras similares - na infância de muitos de nós. E esta familiaridade reconfortante é também parte do encanto deste livro.
É uma leitura breve, mas que fica na memória, não só pela nostalgia que evoca através do reencontro com histórias familiares, mas também pela descoberta da abundância de lendas e mitos que povoam o nosso imaginário tradicional. E, sendo relativamente leve, leva-nos numa viagem ao mistério e à emoção de histórias antigas que, à sua maneira, se tornaram intemporais.
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