Quando o cadáver de um americano é retirado do canal, todos os sinais apontam que a morte tenha sido resultado de um assalto que correu mal. Para Guido Brunetti, contudo, essa é uma teoria com demasiadas fragilidades. Mas o que fazer quando a lei pode ser contornada e quando poderosos e perigosos elementos estão envolvidos na situação?
Acessível e sem detalhes desnecessários, mas com uma caracterização interessantíssima dos locais e costumes mais marcantes de Veneza, este é um livro que se revela curiosamente viciante. Apesar de não ter grandes situações de limite, a forma como a autora apresenta o percurso da investigação de Brunetti, pautada muitas vezes pela fuga às regras, mas por um forte conjunto de valores morais, faz com que a sucessão de acontecimentos que constitui este livro nunca perca o interesse.
Talvez por ser um dos primeiros casos do commissario, neste livro existe não só a exploração do caso principal, mas também um forte desenvolvimento da personalidade e da vida privada de Brunetti. É particularmente interessante ver a sua vida familiar, não apenas do ponto de vista do próprio Brunetti, mas também do de Paola, sua esposa. Aliado a este aspecto estão pequenos momentos reveladores da forma de ser do commissario: como ele próprio pensa neste livro, não é da matéria de que são feitos os heróis, mas a sua persistência na investigação, mesmo contra forças superiores, revela bastante da sua personalidade. Por último, uma nota positiva para a forma como esta história se conclui, fugindo ao clássico final onde tudo é resolvido, mas sem que os mistérios espalhados ao longo do livro fiquem por resolver.
Morte num País Estranho é, em suma, um policial leve e cativante, sem grandes inovações no que ao género diz respeito, mas que marca pela sua visão da cidade de Veneza e pela forma como envolve o leitor, num ritmo sem momentos de monotonia. Gostei.
Sem comentários:
Enviar um comentário