A história de Lizzy Bennett e do orgulhoso Mr. Darcy é tida por muitos como um clássico intemporal. Este livro pretende ser uma versão alargada, onde as artes mortíferas e a presença dos não mortos se misturam com os bailes e as visitas de cortesia.
Não tenho nada contra a reformulação dos clássicos. Aliás, julgo que há em muitas obras intemporais ambientes que poderiam dar origem, com a introdução dos elementos certos, a livros bastante interessantes. Nesta obra, contudo, o que se fez não foi escrever um novo livro inserindo zombies no ambiente de Orgulho e Preconceito, mas utilizar o texto de Jane Austen, acrescentando novas frases para criar o enredo desejado. E se a ideia de um Mr. Darcy exterminador de zombies não deixa de ser interessante, a concretização poderia ter sido melhor conseguida se o texto fosse escrito de raiz.
Tem os seus momentos bons, evidentemente, e há várias ideias interessantes no que toca aos zombies, particularmente a da aprendizagem com os mestres orientais. Há inclusive algumas situações bastante divertidas. O grande problema consiste mesmo no choque entre o texto correspondente a Jane Austen e o texto que lhe é acrescentado, que nunca parecem encaixar em pleno. Da mesma forma, os momentos de acção acabam por ser demasiado espaçados, de modo a seguir a linha temporal do texto base.
Uma última referência, esta positiva, para as ilustrações que, são no geral bastante interessantes e que, ainda que sejam escassas, não deixam de reflectir os momentos mais intrigantes desta versão zombie da obra de Jane Austen.
Uma ideia curiosa, portanto, com os seus momentos bem conseguidos, mas que, na sua opção de manter a ligação ao clássico original (ao invés de, por exemplo, reformular uma história na mesma época, e até com as mesmas personagens, mas escrita de raiz) acaba por não corresponder plenamente às expectativas.
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