Jonathan, um conhecido perito, tem no trabalho de Vladimir Radskin, pintor russo do século XIX a sua grande paixão. Por isso, quando surge a oportunidade de analisar cinco quadros do pintor, sendo um deles a mítica obra prima desaparecida, Jonathan julga-se perante o sonho da sua vida. Mas ao conhecer Clara, a dona da galeria, deixa de ser apenas o trabalho do pintor o que interessa, mas a relação entre as suas vidas, presentes e passadas.
Com a escrita agradável característica dos seus livros, em A Próxima Vez, Marc Levy atinge um ponto de equilíbrio entre emoção e humor. Não tão profundamente sério como Os Filhos da Liberdade, mas menos descontraído que Sete Dias para a Eternidade, aqui o autor mistura romance e mistério, arte e misticismo, sonho e realidade, numa narrativa fluída e cativante, pautada pela emoção e marcada pelos pequenos momentos divertidos, pelas surpresas e revelações constantes e por situações de um impacto profundamente comovente.
Intrigante na sua abordagem à situação das vidas passadas e fascinante na descrição dos elementos ligados à pintura, o grande ponto forte deste livro é, contudo, o elo emocional que une não só as personagens entre si, mas as personagens ao leitor. A amizade entre Jonathan e Peter, os sonhos de vingança de Alice Walton, o amor entre Clara e Jonathan... e a ligação destas vidas com uma memória passada e com a história do próprio Vladimir Radskin tornam esta leitura não só agradável, mas muito marcante. E isto atinge-se pela forma ao mesmo tempo poderosa e surpreendentemente simples como a narrativa atinge o seu fim.
Romance e mistério na medida certa são ingredientes que fazem deste A Próxima Vez uma história que, ainda que não particularmente complexa, se torna especial pela força dos seus sentimentos e das memórias que contém. Leve, mas marcante, este é um livro que não posso deixar de recomendar. Muito bom.
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