domingo, 27 de março de 2011

Flores de Outono (António Levi de Meireles)

Algo de simplicidade e muito de emotividade definem a grande maioria dos poemas que constituem este livro, onde os sentimentos são base para imagens ternas e sombrias, sentimentos de carinho e de solidão, evocações de amor e de vazio. E estes sentimentos parecem ganhar força ante a simplicidade estrutural dos poemas, do ritmo e da rima que, de uma forma suave e conhecida, dão voz a emoções intensas e profundas.
São sonetos muitos dos poemas que constituem este conjunto (ainda que não todos). E, sendo o soneto uma das minhas formas poéticas preferidas, será desnecessário dizer que foi entre estes que encontrei alguns dos que mais me agradaram nesta leitura. E isto principalmente pela força que vários deles contêm, pela intensidade com que uma imagem completa e marcante é projectada em tão poucos versos. Uma visão encerrada com chave de ouro, quer nos mais luminosos, quer nos mais tristes.
Trata-se de uma forma muito pessoal de poesia. Cada novo texto revela ao leitor um pouco mais sobre a alma e a natureza do sujeito poético. E talvez não seja a mais complexa das formas de poesia, já que as imagens são claras e as palavras dizem precisamente o necessário. Ainda assim, o sentimento está lá e há frases que comovem e imagens que fazem sorrir. E, no fundo, é aí que reside o melhor deste livro.

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