domingo, 13 de março de 2011

Inkheart - Coração de Tinta (Cornelia Funke)

Um visitante misterioso, com o nome invulgar de Dedo de Pó, chega à casa de Meggie e do seu pai, Mo. Vem para falar com este e, cheio de secretismo, anuncia que um indivíduo o procura, alguém que está disposto a tudo para obter o que deseja. E o que Capricórnio deseja é um livro que está na posse de Mo, um livro que é também uma das razões para que este, durante muitos anos, se tenha recusado a ler em voz alta. Porque Mo tem um talento especial. Quando lê, as personagens ganham vida no mundo real... mas há sempre alguém a desaparecer para ocupar o lugar dos recém-chegados.
O que, em primeiro lugar, transparece desta leitura, é a inocência que parece envolver todo o enredo. Talvez em grande parte pela juventude da protagonista, toda a história parece estar marcada por uma visão optimista do mundo, uma certa ingenuidade que ganha força nos momentos em que mais contrasta com a ambição cruel e vazia de emoções de Capricórnio e seus sequazes. Na verdade, a ternura da relação de Meggie com o pai, a capacidade desta criança de ver o melhor mesmo perante uma traição, funciona como algo de luminoso nas situações mais complicadas, já que a sua necessidade de ver o melhor, mesmo nas piores circunstâncias, acaba por ditar muitos dos seus actos.
Outro elemento particularmente cativante - e que foi também o que me atraiu no livro em primeiro lugar - é toda a importância dos livros ao longo desta história, não apenas na forma como as personagens ganham vida (para o melhor e para o pior), mas também naquela paixão pela leitura que se torna tão evidente (de diferentes formas) em Mo, Meggie e Elinor, e tão contrastante com as gentes de Capricórnio (na maioria, incapazes de ler).
E claro que, entre tudo isto, os elementos mágicos, as surpresas que vão surgindo, as grandes revelações e também os pequenos detalhes resultam num enredo envolvente, onde a escrita fluída, ainda que sem grandes elaborações, da autora dá vida a um mundo onde os livros acabam por ser os verdadeiros protagonistas.
Envolvente, com vários momentos ternos e uma história feita de contrastes importantes e personagens cativantes, um livro cheio de sonhos e de magia, onde é também marcante a força que a leitura exerce em todo o enredo. Muito bom.

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