terça-feira, 12 de março de 2013

Não Me F**** o Juízo (Colin McGinn)

Tendo em conta o subtítulo deste livro - Crítica da Manipulação Mental -, não é muito difícil adivinhar o tema que serve de base a este breve, mas muito interessante ensaio. O conceito é o que, no título original, é designado como Mindfucking e, tendo em conta o termo, o primeiro impacto é o de alguma estranheza face à linguagem, principalmente porque qualquer tradução deste termo e similares terá um impacto bastante mais forte em português. Ainda assim, este choque inicial face à linguagem rapidamente se desvanece, deixando aos conceitos e respectiva abordagem o devido destaque.
Comparando a manipulação mental a conceitos como a treta e a mentira, o autor considera, em primeiro lugar, os pontos que separam estes três aspectos, bem como o que têm em comum e a forma como, por vezes, se confundem. Ainda assim, uma das ideias que, desde logo, diferenciam a manipulação mental é a possibilidade de, por vezes, ter algo de positivo - como é demonstrado em alguns dos exemplos explorados pelo autor.
Mas, exemplos à parte e tendo em conta que a aplicação do conceito é maioritariamente negativa, o autor precede a um desenvolvimento mais aprofundado, ainda que sempre no seu estilo bastante sucinto e directo, do que implica esta manipulação e da forma como esta é exercida, recorrendo inclusive a elementos literários e da história da filosofia para demonstrar o que pretende. E é esta análise o que este livro tem de mais interessante: a forma como entre os exemplos que apresenta e a sua própria análise e reflexão, o autor considera essa manipulação, considerando as suas características de agressão e dominação (na vertente negativa, naturalmente) e comparando-as com outro tipo de agressões, de modo a realçar o seu impacto psicológico.
Haveria, talvez, mais a dizer sobre o tema. Este pequeno ensaio - que não chega às cem páginas - apresenta, essencialmente, as ideias básicas e desenvolve-as de uma forma que, apesar de transmitir uma ideia bastante completa do conceito, deixa espaço para um aprofundamento do tema. Fica, por isso, também a curiosidade em saber mais sobre o assunto, até porque este tipo de manipulação, exercida a nível global ou individual, é uma força presente no mundo, de forma mais ou menos evidente.
Trata-se, portanto, de um livro que, simples e acessível na sua brevidade, apresenta, ainda assim, as linhas essenciais de um tema bastante pertinente e que pode servir de base a muita reflexão. Uma leitura interessante, em suma. 

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