O escritor maldito é o centro de gravidade da literatura ocidental moderna. Constitui a espinha dorsal do escritor autónomo, independente e original que defende a sua criação até às últimas consequências, sem nunca fazer concessões ou trair a sua consciência artística, não raro com prejuízo da própria vida, ou resvalando nos abismos do infortúnio e do sofrimento, ou entregando-se a todos os excessos e autodestruindo-se. Incompreendido no meu tempo mas imortalizado pelo futuro, o maldito confunde-se com a própria literatura, é a representação do trágico destino do escritor genial e da sua ressurreição.
O novo livro de João Pedro George, cujo título é copiado de Luiz Pacheco, propõe-se fazer, na primeira parte, uma geneologia das representações do escritor maldito. Qual o processo de construção do «maldito»? Que traços caracterizam o maldito e qual a imagem que o meio literário projecta do escritor maldito? Até que ponto o meio literário se reconhece, se projecta e se celebra no escritor maldito? A segunda parte é dedicada ao caso português, através da história da introdução do conceito em Portugal.
João Pedro George, doutorado em Sociologia da Cultura, foi professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (1998-2008). Tradutor, crítico literário e ghostwriter, dedica-se hoje exclusivamente à escrita, tendo publicado, entre outros, «O Meio Literário Português (1960-1998)», «Não é Fácil Dizer Bem: críticas, obsessões e outras ficções» e «Puta que os Pariu! A Biografia de Luiz Pacheco».
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